sexta-feira, 18 de novembro de 2011

RECORTE DO CINEMA PARANAENSE

Satori Uso

parte 2


por dia. 12/01/2009 por Vanda Moraes - vandymoraes@yahoo.com.br

Em “Booker Pittman”, o curta que ganhou cinco prêmios no Festival de Gramado, Rodrigo Grota passeia pela vida de um músico americano dos anos 50. A fotografia, assinada pelo próprio diretor faz com que o expectador siga a luz em direção a essência do jazz. Segundo Grota a intenção deste filme, bem como de todos os outros que produziu até agora, não é filmar a biografia dos personagens, mas sim captar fragmentos de sua trajetória e de sua personalidade.


A produção dos filmes é feita de maneira quase artesanal. Permite uma viagem pelo tempo e espaço filmado. “Booker Pittman” reconstitui em suas cenas, Dallas de 1920, Nova York de 1930 e Londrina de 1950 com uma fidelidade assustadora. Os planos bem encadeados com os depoimentos permitem um envolvimento mágico com o objeto filmado.

Os filmes de Grota são feitos com uma equipe de dez a quinze pessoas, sendo que dentre estas, pode-se encontrar tanto profissionais da área cinematográfica quanto amadores envolvida em todas as etapas de produção. Todos os filmes são produzidos pela Kinoarte, empresa da qual Grota é colaborador, alguns com apoio do poder público e outros com recursos próprios. “Quando temos apoio local, contamos com patrocínio da Prefeitura de Londrina, via PROMIC - Programa Municipal de Incentivo à Cultura. Recentemente aprovamos um filme em um edital federal organizado pelo Ministério da Cultura.”, afirmou Grota.

A distribuição dos filmes é a etapa mais complicada para os cineastas paranaense, estado ainda considerado periférico na produção cinematográfica, apesar de iniciativas bem sucedidas como o Filme “Estômago” do realizador Marcos Jorge e o mais recente “Mystérios” de Beto Carminatti. A exemplo destes e outros realizadores locais, Rodrigo Grota se utiliza das leis de incentivo e de seus próprios recursos para a viabilização de seus projetos. Para a distribuição dos filmes, Grota ainda não conta com captação de recursos.

Os filmes são distribuídos pela Kinopus Audiovisual. A empresa divulga os filmes em sua homepage e agiliza os contratos de exibição. A produção de Grota está disponível apenas no território nacional. Recentemente uma distribuidora americana e uma espanhola entraram em contato com o diretor com a proposta de assistir ao curta Booker Pittman. Segundo Grota estão sendo efetuados contatos para a distribuição em Los Angeles e Barcelona. O curta “Satori Uso” foi lançado nacionalmente pela Programadora Brasil, um projeto Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura, desenvolvido por meio da Cinemateca Brasileira e do Centro Técnico do Audiovisual.

Enquanto as parcerias de distribuição são esparsas ou inexistentes, a ferramenta mais utilizada para levar os projetos ao grande público é a internet. Segundo Grota, a web ainda é a maior vitrine de seus filmes, os quais estão disponíveis no Kinoarte Channel e no canal da kinoarte no youtube. Além disso, o realizador participa de blogs e discussão na internet e colabora com a Revista taturana


Outro método de distribuição utilizado são os festivais e mostras cinematográficas. “O papel dos festivais é fundamental. Sem os festivais não existiríamos para público algum”, afirmou Grota. O Festival de Gramado proporcionou uma boa visibilidade do curta “Booker Pittman”. Neste ano a Kinoarte realizou a décima edição da Mostra Londrina de Cinema em parceria com a prefeitura Municipal de Londrina. Em dez anos a Mostra exibiu cerca de 500 filmes em 30 pontos espalhados pela cidade de Londrina e região, atingindo um público de mais de 30 mil expectadores. Além disso, a Kinoarte realizou a Primeira Mostra Marília entre os dias 30 de outubro e dois de novembro.

A Mostra Marilia faz parte de das novas diretrizes da empresa, que visa contribuir para a difusão do cinema não somente no Paraná, mas também no estado de São Paulo. Foram exibidos 50 filmes entre curta e longas-metragens, sendo que o destaque foi a primeira exibição, em Marília, do filme “Pé de veludo”, do realizador mariliense Eduardo Reginato. “Pé de Veludo” foi filmado em 1996 e conta a história de um bandido que ficou famoso na região após formar uma quadrilha com seus irmãos, na década de 60.
Segundo Grota a resposta do público para os seus filmes geralmente é positiva. O público em geral pode ter acesso total aos materiais pela Web. Em DVD, os filmes estão disponíveis pela Kinaorte ou pela
Programadora Brasil. O trabalho do realizador, apesar de contar com mais de 20 curtas, ainda não é muito difundido ao grande público. Isso se deve ao fato de a mídia paranaense não disponibilizar o espaço devido às produções locais. Os trabalhos são bem divulgados na região de Londrina, mas no restante do estado só recentemente ganhou alguma visibilidade.

Isso também acontece com o reconhecimento da obra. Na região de Londrina há um reconhecimento, sendo que em escala nacional o trabalho só é parcialmente reconhecido. Isso ocorre de forma efetiva em um publico mais especifico. Entre os críticos e realizadores as produções de Grota já são bem conhecidas e difundidas.

Rodrigo Grota está desenvolvendo vários projetos em 2009. O realizador finalizou curta chamado “Fim da Linha”, em parceria com 20 alunos na Lapa, PR e irá rodar “Pausa para a Neblina” no primeiro semestre de 2009. O curta “Maria Angélica”, de Francelino França, está sendo finalizado e deve estrear no primeiro semestre do próximo ano. Também em 2009 pretende rodar o primeiro longa-metragem de sua carreira: “Tango, Chuva e Silêncio”, um projeto que vem sendo desenvolvido há alguns anos.

Grota é um dos mais jovens realizadores paranaenses e vem desenvolvendo uma produção bastante linear, além de outros projetos paralelos como as mostras e festivais. A sua avaliação do próprio trabalho consiste simplesmente em uma frase: filmes “incompletos”.
.

Nenhum comentário:

Postar um comentário