terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

UM CARNAVAL DIFERENTE


pub. dia 27/02/2009  por Águia Galáctica ou Leandro Hammerschmidt

A vista é linda do alto de uma montanha em Balsa Nova, início do segundo planalto do meu Paraná. “Daqui dá pra ver bem a babilônia” garante Cachorro Rítmico – um dos rapazes de 20 e poucos anos que fugiu de Curitiba pra se dedicar a plantar, entoar músicas de paz e se abraçar em torno da fogueira. Isso tudo em pleno carnaval, Cachorro Rítmico e um monte de gente reunida no Encontro Consciência Planetária, em São Luiz do Purunã, pra aprender, trocar, reunir e aplicar tecnologias (antigas até), mas que são bem capazes de solucionar problemas ambientais como: a poluição da água, a má utilização dos recursos naturais e a destruição de florestas.

Sem medo de dizer, Terra Galáctica, um estudante de agronomia também conhecido como Fábio Nunes, afirma que ali eles estão na vanguarda. Porque aquela prática de vida sustentável (pra usar uma palavra da moda), ou seja, usar recursos naturais sem esgotá-los “é o que há!”.

Calcule comigo quantos litros de água jogamos fora numa simples descarga? Oito ou dez litros pra se livrar do que o pessoal da agroecologia* chama de o “verdadeiro ouro negro”. Sendo que, com um simples banheiro seco podemos compostar (isso mesmo, compostar nossas fezes) e aproveitá-la como adubo. E acredite: um adubo sem cheiro, pois o composto fica num recipiente que toma sol o dia todo pra alcançar altas temperaturas - eliminando cheiros e esterilizando a matéria.

Mas sinceramente, também não sou daqueles que se sentiria bem comendo um tomate adubado com compostos de um banheiro seco. Afinal merda é merda. Mas nem é este o caso. O “x” da questão é “preservar água primeiro, e, se puder aproveitar o composto depois, que seja”. Pois com tantos problemas ambientais, os pobres do mundo correndo risco de sofrer (em breve) cada vez mais com a falta de água (é bom lembrar que não existe substituto para água; diferente do petróleo, que se acabar “tudo bem”, afinal tem outras fontes de energia). Mas água não, água é fundamental pra saúde, pra agricultura, pra vida. “Não duramos duas semanas sem água”. Então, é óbvio que não estamos em condições de jogar dez litros de água por descarga – seja por nojinho, fecofobia, ou por questões econômicas e estéticas na construção. Não temos deveríamos desperdiçar, mas é o acontece na sua, na minha, na nossa casa – todos os dias.

Mesmo assim, concordamos que já passa a hora de buscar e aplicar soluções como o banheiro seco. Mas a ideia é aplicar a alternativa em grande escala. O duro seria convencer minha mãe a fazer um banheiro destes aqui em casa. Pensando bem, mais duro que convencer minha mãe seria convencer grandes empresas & grandes negócios a largar os lucros que tem com o vigente sistema de esgoto, encanamentos, acessórios etc e tal.

Pra você ter ideia ano passado começamos a fazer um banheiro em casa, com canos de cobre pra água aquecida a gás; ainda nem finalizamos o banheiro e já se foram cinco paus. Acredite se quiser! Segundo minha mama “banheiro é 50% da casa”. Então, por isso também você percebe que o buraco é mais embaixo.

Que é muito dinheiro rolando. Sem contar que “a inércia é a força mais poderosa do comportamento humano”. E não tem como dizer que cuidar de um banheiro seco seja mais fácil que apertar um botão e desaparecer com a merda. Mas quem sabe um dia… quando a água bater na bunda. Pra essa hora a tecnologia está aí. Mas pra acontecer em grande escala precisamos de uma mudança de pensamento e/ou de um empurrãozinho dos legisladores, dos prefeitos, presidentes, síndicos, moradores; sei lá de quem, de repente da gente mesmo.

Confesso que acharia bom se algumas coisas fossem leis. Tipo assim: você é obrigado (sob pena de multa, claro) a separar lixo, você é obrigado a tratar seu esgoto, você é obrigado a compostar lixo orgânico (cascas, frutas) em seu quintal, você é obrigado a captar água da chuva. Também poderíamos economizar dinheiro abrindo mão de embalagens; usando o transporte público (desde que eficiente e barato). Começo a pensar nas leis e sinto que mora um ditador em mim!

Se não é possível legislar, não esqueça que podemos usar meios pra insuflar mudanças. E, assim acontece com a palavra sustentabilidade que chega como um modismo e vai sendo incorporado. Parece que todo mundo está abraçado pela causa, grandes grupos que destroem a natureza de um lado e dão migalhas de ajuda, junto com ONG´s, estudantes e cidadãos de bem. “Agora todo intervalo comercial da rede Globo tem alguma coisa sobre a preservação do meio ambiente”, garante Antonia Rother, estudante de Bio Medicina. E, seja por consciência ou puro marketing, não importa, “podemos tirar proveito disso”.


Procurei ali mesmo no alto da montanha, perto do Cristo Redentor de São Luiz do Purunã, João Paulo “Jopa”, um permacultor especialista em Bio-construções, pra me explicar sobre o assunto e descobri que a pesquisa na área vai a todo vapor. Por exemplo, quem é o homem mais rico da China hoje? Um cara que negocia sistemas pra captação da energia solar. Detalhe, o aparelho do chinês custa um décimo do que custaria na Europa. Como diria um sábio cobrador do São Braz “a percisão (sic) é que faz o sapo pular”. E o negócio é por aí mesmo, a China cresce rápido e precisa de muita energia pra crescer. Assim, os interesses e esforços também se voltam pra estas alternativas.

Já combinamos e o Jopa, permacultor especialista em Bio-construções, vai trazer detalhes deste assunto pro leitor do TiraGosto. Guenta aí!

*Agroecologia é uma “filosofia de vida”, também conhecida como a agricultura orgânica, um conceito que se contrapõe ao agronegócio, a utilização de insumos químicos, a degradação do meio ambiente e do homem em si

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VOLTANDO A RODA


Na minha primeira noite de Encontro Consciência Planetária estava levando um papo com o Jopa quando Lucas Raoni, irmão do Mattoso, me chamou pra curtir uma vibe na fogueira. Lá o pessoal se chamava de caminhante, semente, macaca, águia, estrela … e a gente boiando. Descobrimos que aqueles nomes eram os kins deles, uma espécie de signo, de acordo com o Calendário da Paz - um híbrido de várias culturas (Maia, I Chi), também baseado na lua e no corpo humano, nas treze articulações, vinte dedos e sabe-se mais lá o que…
Através da agenda do calendário da paz descobriram que meu Kin é Águia Galática e o do Lucas Raoni (que já tem este nome místico) era Noite Harmoniosa. Acho que o Lucas não gostou de cara do seu Kin, mas passou a gostar depois que descobriu uma revista no chão que dizia que Noite Harmoniosa pode ser o responsável por juntar a galera pra night.
Ficamos até altas horas sapecando na fogueira - altos papos e boas vibrações. Destaque para as refeições maravilhosas, pros reggaes arrastados do Cachorro Rítmico, com destaque especial para as músicas que um tal Manelzin, codinome Águia  Azul, inventava. Seis estudos geniais!
Confesso que na fogueira senti muita falta de um garrafão de vinho, pra animar as meninas. Aliás, cada menina linda. Mas estávamos num carnaval diferente. Um esquema de família (e pensando assim era meio broxante). Éramos uma grande família mesmo, com direito a orações e agradecimentos pela comida. Até a distribuição das tarefas eram feita entre as famílias e seus respectivos dedos dentro da grande família.
Aprendi que o corpo do homem e o ciclo da lua são usados pra contar o tempo. Descobri que a nossa vida está muito ligada aos astros. Aprendi que podemos mandar energia lá pras estrelas através das nossas mãos. E que podemos até concentrar energias pra desatolar um carro, claro sem despertar a ajuda de um jipe quatro por quatro. Olhando pra cima visualizei (pela primeira vez claramente) a constelação de Orium e percebi que o ele vai errar aquele flecha.

Voltando das estrelas, me contaram que o dia seguinte seria o dia de trabalho da família do “dedo anelar” e pra meu alívio descobri que meu dedo era o polegar, todos os polegares. Então, pensei que deve vir disto meu impulso pra fazer sinal de positivo na hora de posar pra fotografias. E, talvez isso também explique minha afinidade com boleiros e pagodeiros.


A gente viaja nestes eventos - Aliás, ouvi muitas explicações malucas e auto-afirmativas sobre o ser e seu kin. O pior é que muitas faziam sentido. Por exemplo, o que significa ser semente? Descobri que a pessoa semente gosta de reproduzir. Dica interessante pra se procurar uma mulher nestas rodas. Alecsander Won Wagner (parente do compositor Richard Wagner) deu seu irmão Fagner como exemplo “ele é semente e vive fazendo cruzas (entre os bichos)”. Curioso é que a pessoa descobre e incorpora o Kin, assimilando e/ou ressaltando as características do seu signo: “o caminhante é um cara que viaja”, “o águia é observador”, “as macacas são brincantes, sorridentes”, “dragão, vai lá cuidar da fogueira!”; outra coisa bem interessante é que neste lance dos Kins não vi ideia de bom e mau.

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O MAGO KIN-TAO DESBRAVADOR DO MATO

Fico curioso tentando saber qual é o Kin de Marcos Mandala, o cara que mora lá na montanha de São Luiz do Purunã em tempo integral há cinco luas (o ciclo da lua é de 28 dias). Pro amigo leitor entender bem o que ele esta fazendo lá, vou lhe contar algumas curiosidades:
Mandala tem muitas histórias, um dia junto com dois amigos jogou fora, literalmente, todo seu dinheiro. Depois disso eles chegaram numa cidade lá do nordeste e foram distribuindo seus artesanatos. Até um dono de um imóvel posto a venda lhes ofereceu a casa para passar uns dias. Segundo Mandala as pessoas começaram a trazer frutas em agradecimento pelos presentes. E aquela “peregrinação” até a casa ajudou a vender o imóvel. Tanto que quando eles estavam de partida, o dono da imóvel ofereceu comissão aos três pela venda da casa, mas o dinheiro foi gentilmente negado.
Não me lembro se tirei alguma foto dele, mas se você quiser visualizar seu rosto pense em alguém sereno, bonito e saudável. Feliz da vida por ter deixado a babilônia para trás, pra ser um desbravador do mato. Longe da correria da cidade, Mandala vive sem eletricidade, mora numa Kombi estilosa e toma banho numa bica. Cozinha com fogo a lenha. Planta sua comida e quando precisa vai buscar trigo num moinho ali perto. Mandala é um padeiro de mão cheia. Vivia disso aqui em Curitiba. Tem altos segredos, usa ingredientes orgânicos e capricha nas doses de amor e dedicação. E, sem exagero, o bicho faz o melhor pão integral que já provei “cheio de pedaços de castanha e tão compacto que a gente precisa cortar com serrote”. Sem falar na tão apreciada torta de banana.

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AGORA VAMOS FALAR DOS PROJETOS


Mandala conta com a força e apoio de muita gente: Jopa, bichos-grilos, daimistas e especialmente dos membros do GEAE - Grupo de Estudos de Agricultura Ecológica da UFPR. A ideia é fazer daquele espaço, em São Luiz do Purunã, uma espécie de parque Agroecológico, referência de sustentabilidade e redução de impacto na natureza. Pra isso, Mandala está se reunindo com prefeitos e autoridades da região. Negociando com empresas como a Itambé Cimentos - visível ali do alto da montanha -, a revitalização da estradinha que dá acesso ao Cristo de Balsa Nova.
E as expectativas são boas, muitas empresas estão a fim de ajudar. No Paraná, por exemplo, existe o Condomínio da Biodiversidade que apóia projetos de preservação da natureza.  Mandala sonha com a licitação do restaurante do Cristo. Aproveito aqui para parabenizar os cozinheiros da turma. Em geral, as refeições foram maravilhosas: salada de frutas com mingau e amendoim no café, polenta com carne de soja no almoço, e sopas pra saborear na fogueira. Ah, e tortas de banana com açúcar mascavo que caem bem a qualquer hora do dia.

Parceiros do GEAE

Dentre os parceiros de Mandala está o Grupo de Estudos de Agricultura Ecológica – GEAE é uma ONG de 25 anos que faz “miséria” com seu terreno de 1000 metros quadrados no setor de ciências agrárias, da UFPR.

Existe um plano de fazer uma Bio-construtora com os membros do GEAE, pra dar uma oportunidade de emprego pra gente que não pretende atuar no sistema tradicional do agronegócio. E a rapaziada do GEAE tem até uma Bio-construção em seu terreno, a “Ecobaia”, feita de barro socado e tecnologia super adobe.




Na sede do GEAE você encontra: aroeira, araucária, amora, amora silvestre, angica, cedro, pau brasil, imbuia, guapuruvum, araçá, pitanga, uva do Japão, melancia, maracujá, laranja, limão, figo, maça, pêssego, uva, abacate,  mexerica, banana, ingá, mamona, mandioca, babosa, pata de vaca, orégano, manjericão, manjerona, hortelã, confrei, rami (rasteira), salsinha, cebolinha, cheiro-verde, coentro, endro, alecrim, salvia, osmari, hortelã, erva-doce, folha gorda, mentruz, pulmonária, confrei, açafrão, maria-pretinha, brócolis, cebolinhas, couve-flor, espinafre, alface, rúcula, repolho, agrião, feijão (fava, de porco, carioca, guandar, fava rajada), taioba, papiro, mil folhas, tremoço, café, tomate cereja, bambu (3 tipos), batatas, batata yacon, berinjela, cará, dedalero, milho avati, orapronobis, abobora, pimenta, cana-de-açúcar, chuchu, çaijuçara, pimenta, babosa, Cosme, planta carnívora, bromélia, orquídeas, coró, besouro, minhoca, baratas, joaninha, pulgão, aranhas, formigas, cupins, galinhas, ratos, passarinhos, canarinhos da terra, tucano, papagaio, 7 cores, andorinha…


Uma variedade incrível por espaço, fora um monte de bicho grilo.  Mas não sei bem direito como o mercado de trabalho vai aproveitar esta rapaziada que está na “vanguarda” do curso, desenvolvendo a Agroecologia. Pois segundo o estudante de Zootecnia, Rafael Cabreira, mais conhecido com Pumba, “o GEAE é o avesso do que eles ensinam no curso de agronomia”. Mas ainda segundo Pumba, “a gente só quer o mundo melhor …começando pelas galinhas”. Pra isso o pessoal criou um banco Germoplasma. Calma aí, deixa explicar, na prática, eles cruzam vários tipos de frangos, melhorando a genética dos frangotes pra depois espalhar por aí.

Mas não podemos dizer que a Agroecologia está abandonado. Ao contrário, o Governo do Estado do Paraná tem até uma secretaria, a CPRA, pra cuidar destes assuntos. Tanto que em novembro vai acontecer aqui em Curitiba o CBA - Congresso Brasileiro de Agroecologia. E o pessoal do GEAE foi escalado pra receber os participantes. Tomara que até lá o “parque Agroecológico” esteja funcionando. Assim o pessoal do evento poderá provar a torta de banana do Mago Kin-Tao.

Aho!!!

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BUNDAS NA BIBLIOTECA


Quem não viu a exposição “Tabu”, da artista Bel Corrêa, está marcando bobeira. Corre lá na Pública que ainda dá tempo!

pub. dia 24/02/2009 por  Franco Caldas Fuchs – francofuchs@gmail.com

Até o dia 28, ainda é possível se admirar uma porção de bundas no hall da Biblioteca Pública, sem correr o risco de ser chamado de tarado. As bundas (femininas, vale frisar) estão nos quadros que compõem a exposição “Tabu”, da artista florianopolitana Bel Corrêa.

Depois de sábado, as telas seguem para novos espaços. Galerias suíças e holandesas já estão ávidas para expô-las mais uma vez, conta Bel. Nesse meio tempo, a pintora faz questão de ir quase diariamente à biblioteca, para acompanhar, no livro de visitas, os comentários do público.

“Beleza pura!”; “Um tema muito bom!”; “Bem alegre e feminino, ótimo para pôr no quarto.” São algumas das observações positivas que Bel tem encontrado. Mas há também coisas como “que mau gosto, vai mostrar a bunda da tua mãe!”, ou críticas a uma suposta falta de técnica na pintura.

Isso, porém, não incomoda Bel. O fato de suas telas serem bem recebidas por crianças, diz ela, é um sinal de que está no caminho certo. A intenção do seu trabalho, que fique claro, não é chocar ninguém com pornografia, nem apresentar um estilo revolucionário ou que siga preceitos acadêmicos.

“A minha proposta é divertir. No meio dessa zona de guerra que vivemos, dar de cara com uma bunda colorida, cheia de histórias para contar, eu acho o máximo.  Imagina, às vezes uma pessoa passa o dia inteiro num escritório, vendo só uma tela que tem um vaso com duas florzinhas!”, diz.

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Trajetória de Bel Corrêa

 
Apesar de sempre ter gostado de pintura, Bel Corrêa nunca freqüentou faculdade de artes plásticas. Ela, que já trabalhou com produção de cinema, foi modelo e atualmente mantêm um brechó em Santa Felicidade, só começou a pintar com alguma assiduidade há alguns anos, depois de ganhar uma tela do marido.

Por algum tempo, pintou natureza morta, até ter o insight de retratar uma “natureza” das mais vivas, que ela conhecia tão bem, sendo oriunda de Florianópolis. “Como morei na praia, desde pequena via bundas de tudo quanto é tipo, e nunca de forma maliciosa”, conta.

Em 2007, Bel fez sua primeira exposição em um shopping de Curitiba, obtendo uma grande aceitação do público. O único porém foi ter recebido uma inesperada censura desse shopping. O nome da exposição, que seria simplesmente “Bundas”, não foi aceito, de modo que ela mudou para “Tabu” (já que era algo proibido). Sem falar que não pôde expor o quadro “Cabaré”, considerado obsceno por mostrar as ancas de dançarinas da noite.

Algo impensável de acontecer em outros países como Suiça, Holanda e Itália, em que Bel depois realizou exposições com total liberdade em 2008, chegando até a ganhar prêmios. Na atual mostra na Biblioteca Pública, Bel relata que nenhum quadro foi vetado, mas a palavra que começa com “b” e termina com “unda” continua sendo demais para os padrões curitibanos.

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MANIFESTAÇÃO PELO DIREITO DE IR E VIR POR R$ 3,80

Rodrigo Choinski é estudante de jornalismo da UFPR, mora no São Braz, tem uma mãe muito gente-fina. Trabalhou na campanha do PSOL para a prefeitura de Curitiba e está sempre metido em manifestações como a do dia 13 de fevereiro, pela redução da tarifa de ônibus. Sobre essa passeata ele nos relatou o seguinte:

pub. dia 20/02/2009 por Rodrigo Choinski – alternativistas-1@yahoo.com.br

A praça está como sempre, digo, sempre quando estas agitações tomam conta da cidade. Sempre que aqueles com sangue vivo nas veias, não mais seguram-se em seus postos de trabalho ou salas de aula, em seus lugares banais, definidos pela ordenação social, os lugares daquele dito autoritário e elitista: “ponha-se no seu lugar”.

Justamente o contrário nestes dias, impelidos pela humanidade, que com cuidado cultivam, saem dos lugares definidos, enfrentam a autoridade imposta. E tomam a praça pública, as ruas, o que for, dependendo de suas possibilidades.

Mas fale-nos, fale-nos como estava a praça!

Na praça uma mistura de cores vermelho-roxo-amarelo e negro-branco-laranja, apitos, tambores e pulos, enquanto a multidão denuncia, brincando e dançando: “quem não pula quer aumento!”. Na praça movimentos que fazem jus ao nome, movimentam-se! E partidos que não fecham com o governo, seja qual for…

Na praça também tensão, uma comissão de segurança. Afinal a menos de uma semana o Estado apareceu na sua função predileta: reprimir gente indefesa utilizando uma desculpa esfarrapada. O saldo: uns bons machucados, um osso trincado e um braço quebrado e claro a tentativa de abrir algum processo, já que a Justiça, fora seus conchavos, função primordial, compraz-se em tecer estes retalhos burocráticos de urdidura confusa, claro, sempre contra a gente pequena.

A comissão de segurança não usava uniforme ou arma, e nem de falsa autoridade para se impor. Sua função era evitar acidentes e incidentes e limitou-se a usar uma faixa amarela de feltro amarrada no braço para ser identificada.

E de repente precipitou-se! A praça ficou vazia e ao som do auto-falante repetindo ora palavras de ordem ora as exigências que se exigiam, as pessoas tomaram as ruas, contornando o prédio da Universidade Federal e seguindo em direção à Prefeitura. As pessoas nos ônibus e nas janelas dos prédios ficavam olhando. Um ou outro foi aderindo pelo caminho. Uma parada no Colégio Estadual, vários estudantes aderem, e toca a marcha. Nova parada, agora em frente a FIEP, avançando na pauta, sindicalistas no auto-falante conflagram as pessoas a dar um recado aos empresários, gritos de ordem ressoam pelos escritórios do prédio azul: “1,2,3,4,5 mil…ou param as demissões… ou paramos o Brasil!”.

Avançam, se estabelecem em frente à Prefeitura. Exigem que o prefeito receba uma comissão, não recebe. De repente, eis que surge o personagem chave, escondido no caminhão de som, (não é que acompanhou tudo desde o começo), aparece meio tímido diante dos discursos inflamados. Pesa-lhe representar quem representa, faltando-lhe figueira a que pudesse enforcar-se, o Judas-Richa cumpre a sina suicida precipitando-se para a malhação, levada a cabo pelos presentes, antes de ser consumido pelo fogo e tornar-se em amontoado de cinzas.

O preço da traição não foi de 30 moedas, como de seu correlato Iscariotes, mas de 30 centavos. Quantia em que aumentou a passagem como um dos primeiros atos de seu segundo mandato.

O texto, com as exigências dos manifestantes, é novamente lido para quem quiser ouvir. As entidades presentes fazem seus discursos e o ato vai se dispersando.

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Leia agora o texto dos manifestantes

“FRENTE PELA REDUÇÃO DA TARIFA E PELO PASSE LIVRE
POR UM TRANSPORTE PÚBLICO, SEGURO E DE QUALIDADE

Recentemente o prefeito Beto Richa tomou uma medida injusta, quando aumentou o preço da passagem de ônibus em R$ 0,30, passando de R$ 1,90 para R$ 2,20. O que significa um aumento de 15,7%. Frente a mais este ataque as nossas condições de vida, temos que perguntar: Qual trabalhador teve um aumento de 15% em seu salário?

Precisamos barrar esta medida. Ou não basta para o prefeito o sofrimento causado pela crise econômica que está deixando milhares de famílias desempregadas? Os responsáveis pela crise, patrões e representantes do capital financeiro e industrial, estão jogando nas costas da classe trabalhadora todos os problemas ocasionados por tal crise.

Os setores de serviços, comércio e principalmente a indústria já demitiram milhares na capital. Ao invés de aumentar o preço da passagem o prefeito deveria se posicionar contra as demissões e pela estabilidade no emprego, além de garantir o passe livre para os desempregados. Mas esta não é postura de Beto Richa, como nos mostram os casos da linha verde e o despejo violento das famílias que moravam na ocupação do bairro Fazendinha.

O fato é que não temos um transporte público seguro e de qualidade. Como ficou evidente no caso da trabalhadora da limpeza que morreu ao cair da porta do ligeirinho na linha Curitiba – Araucária. São poucos ônibus e por isso sempre estão super lotados.  Mesmo lucrando tanto, as empresas não oferecem melhores condições de trabalho e salário aos trabalhadores do transporte, por isso os assaltos as estações tubo e aos ônibus, são uma triste realidade para motoristas e cobradores que pagam reembolso à empresa pelo crime que não cometeram.
O prefeito posicionou-se a favor do lucro das empresas e contra a população. Nós ao contrário, exigimos a indenização para todos aqueles que são vítimas da falta de segurança no transporte devido ao descaso da empresa e prefeitura. Também queremos mais ônibus em todas as linhas que circulam na cidade.

Ônibus lotados. Abuso sexual constante. Filas gigantescas. Ausência de passe – livre para estudantes. Falta de segurança. Esta é a verdadeira realidade do transporte público que a propaganda da prefeitura não divulga.

Precisamos unir os trabalhadores e estudantes pela redução do preço da passagem. É hora de nos unir na luta por nossos direitos em um grande Ato Público por: trabalho, moradia, saúde, educação e transporte público:

·         Redução imediata do preço da passagem para R$ 1,90;
·         Passe livre para estudantes e desempregados;
·         Indenização aos trabalhadores do transporte e usuários vítimas da insegurança;
·         Melhores condições de trabalho e aumento salarial para os trabalhadores do transporte;
·         Fim do reembolso pelos assaltos às empresas! Motoristas e cobradores não devem pagar pelo crime que não cometeram;
·         Pela abertura das contas da URBS para a população;

Dentre os que participaram e ajudaram a organizar o ato estavam PSOL, PSTU, PCB, Conlutas, MPL, Consulta Popular, Marcha Mundial pela paz e não violência, Via Campesina e MST, DCE-UFPR, Oposição-DCE-UFPR, CAN – UFPR, FARJ, Movimento Mudança, Sinditest – UFPR, tendência Esquerda Marxista (PT), Assembléia Popular, Conlute.”

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RECUPERE O FUTEBOL BRASILEIRO


Além de ganhar o Tri mundial com o Santos, você pode entrar pra história do Timão ganhando a libertadores. Se você antecipar o HEXA então, imagine a festa.

E pra fazer tudo isso aproveite a promoção Playstation 3 + Pro Evolution Soccer 2012 por R$ 969, na BW Games

REAÇÃO EM CADELA (primeira parte)


[Erotismo & Morte ou Abandonem Qualquer Esperança de Influenciar-me] Momento de prazer aqui no JTG. Nossa coluna de sexo acaba de ser abastecida com mais um conto da Léo!


pub. dia 16/02/2009 por Léo Glück - gluckose@hotmail.com

Dessa vez ele gozou.

Dentro.

Sua expressão aleivosa e lucipotente me horrorizou.

Como uma mão enluvada, escorreguei para fora da cama.

A orgia é o momento explosivo da modernidade, pensei. O que fazer após a orgia? Me sentia cansada, tinha fome, tinha ódio. E vontade de matá-lo. Eu sou gentil, talvez esquartejar seu corpo inconsciente, úmido de humores mórbidos, que eu tanto lambi. Congelar seus pedaços para mais tarde.

No princípio um beijo, um cigarro e uma esperança. Eu precisava deixar a vida de puta. Não estava sendo racional e me sentia cartesianamente errada. Gostaria de passar a fase das peripécias. Gostaria que Deus me desse, a mim também, a paz sexual.

Para mim o amor não virá jamais, penso isso abrindo a geladeira e pegando a margarina. Que, por sua vez, pobre coitada, será usada como vaselina. Nem a ela lhe foi dada a chance de escolher. Ligeiramente desviada de seu fim primordial.

Com os cinco dedos tortos deslizando no meu rabo, ele sorriu. Pediu meu botão rosado, a real entrada do castelo. Não, os olhos são apenas as janelas, meu bem. Com venezianas. Cerradas. Rodopiando, os lírios negros totalmente maduros. A pulsão secreta me mordia as entranhas, o prazer em mim, queria aquela entrada, pedia, piscava. O sol da tarde na minha boca, o mundo, os carros, a menina rebelde nos campos de girassóis, as folhas do outono, nada disso iria parar. Mas a coreografia era bonita, e incansável.

Afinal de contas, It’s In Our Hands. It always was.

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REAÇÃO EM CADELA (segunda parte)

Ele estava gostando da conquista, de fincar a bandeira. “Imperialista!”, insultei em silêncio. O progresso se esconde aqui, bem dentro do meu cu. Esse mesmo cu que todo mundo come, mastiga e esnoba. Esse mesmo cu que é lugar do início da metástase. Um cu promíscuo e elástico. Quente e molhado. Um cu interrompido, cheio de angústia e júbilo. Cu feito de pão. Um cu Naïf. Um cu De Stijl. Um cu Dadá. Esse cuzinho aqui, que se acomoda em torno da tua vara. O mesmo cu que olhava para aquele pau, preto e duro, caminhando em sua direção. Talvez fazendo imperceptível esgar de racismo cotidiano. Enfim, um cu nazista. Pensava que depois precisaria se lavar.

Me fode em inglês, eu disse.

Entrou, devagar, raspando pelas paredes, rasgando. Uma amiga me disse que o primo lhe havia contado que buceta de nêga parece que tem uma lixa dentro, e que buceta de polaca é aguada. “Fuja loca!”, me ocorreu. Pensar nisso agora é simples sintaxe estética: somos todos secretamente iconoclastas. Quando um construtor de software introduz uma soft bomb no programa, usando sua destruição como meio de pressão, não está tomando o programa e todas as suas operações como reféns?

Especulei sobre o mal. Ficção-científica? Nem tanto. Não sou contra violência gratuita de vez em quando. Procedimentos cirúrgicos desfigurantes. O contágio do terrorismo acontece através do amor.

— Não sinto amor em minha medula.

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REAÇÃO EM CADELA (terceira parte)



Ele acaba de foder um plástico — chego a essa conclusão primeva — , acaba de foder uma lycraSensationFake Plastic Trees e o mundo é de mentira. Não há reprodução, somente vírus eletrônicos. Ainda estou fértil, ainda sou a deusa da fecundidade. Minha reação é um processo imoral, resultante dos pulmões cheios de rugosidades.

Vem, meu amor, meus rins beberão a tua porra!

Inscreva tuas legendas pagãs em minhas carnes claras. Eu, de quatro fazendo uma chupeta levemente lisérgica. Um boquete apenas. E nada mais. Nasci para isso mas nego minha existência.

Me disse que o bico do meu peito estava mais escuro porque ele acabara de mordê-lo mas que originalmente era meio rosa.

Meio rosa? Alguém conhece essa cor? Azul da Prússia, Verde-pavão, Magenta eu conheço. Mas “meio rosa”???

A arte prolifera por toda parte, oras.

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