quinta-feira, 29 de setembro de 2011

A MENINA DE NACHTERGAELE

pub. 21/08/2008 dia por Thalita Uba - uba_thali@yahoo.com.br

 
“A Festa da Menina Morta” apresenta o 20° ano em que uma cidade ribeirinha no estado do Amazonas comemora o que a população local acredita ser um milagre. Trata-se de um evento que celebra o dia em que Santinho (Daniel de Oliveira) recebeu de um cachorro o vestido rasgado e ensangüentado de uma menina cujo corpo nunca foi encontrado. O vestido logo passa a ser cultuado e, todos os anos, é realizada uma festa em homenagem à menina morta – a despeito da descrença e da dor de Tadeu (Juliano Cazarré), irmão da falecida.

É um filme interessante, não se pode negar. Além da belíssima fotografia (que conferiu a Lula Carvalho o Kikito de Melhor Fotografia), o filme possui um argumento atraente e conta com um elenco excepcional (Daniel de Oliveira, aliás, também voltou pra casa com um Kikito debaixo do braço – o de Melhor Ator). A história é bem elaborada, os personagens são cativantes e a trilha sonora (que outorgou ao filme mais um prêmio em Gramado), envolvente. 

 
Contudo, mais por falha do roteiro do que da direção de Nachtergaele (que conseguiu, afinal, realizar um belo trabalho de direção de atores), o filme é um tanto maçante. O espectador fica com a eterna sensação de que o filme vai, em algum ponto, engrenar, mas parece que esse momento nunca chega. O desenrolar da história prende a atenção pela fantástica atuação dos atores, não pelo enredo em si, e chega a se tornar cansativo depois de um tempo.

“A Festa da Menina Morta” foi contaminado por um problema que assola a maior parte dos filmes dirigidos por atores aventureiros: a consagração antecipada. Espera-se muito de quem, como Nachtergaele, é reconhecidamente talentoso em outras esferas cinematográficas. Muitos, em Gramado, davam a premiação do Kikito de Melhor Filme de Longa-metragem à “Festa da Menina Morta” como certa. É inevitável que a expectativa seja exagerada e a decepção, mais possível (quiçá provável).

Apesar disso, a menina de Nachtergaele angariou seis Kikitos em Gramado (Prêmio Especial do Júri, Prêmio da Crítica e Melhor filme do Júri Popular, além dos já citados). E se, como diz um ídolo meu, “cinema é feito pra público, não pra crítico”, então que venha a 21ª festa!

GRAMADO CINE VÍDEO – O PRESTÍGIO DO CINEMA INDEPENDENTE

pub. dia 20/08/2008 por Thalita Uba - uba_thali@yahoo.com.br

Um tanto à parte do badalado Festival de Gramado, o Gramado Cine Vídeo vingou, em 2008, como o maior evento de audiovisual independente e universitário do país. Foram 1260 trabalhos inscritos, dos quais 123 – de 16 estados diferentes – foram classificados e exibidos na Mostra Competitiva.

Mesmo sem poder contar com toda pompa que ronda a Mostra Principal do Festival de Gramado, o Gramado Cine Vídeo contou com um grande número de espectadores, que puderam prestigiar as novas caras do futuro do cinema e da televisão brasileiros. Para a carioca Celina Schimdt, uma das vencedoras de Melhor Reportagem da categoria TVs Universitárias Brasileiras, essa visibilidade confere prestígio a quem concorre no festival: “É bom poder mostrar o seu trabalho a pessoas realmente interessadas no que você faz, é um grande incentivo”, diz.

Contudo, o Cine Vídeo ainda é visivelmente discriminado em Gramado. Enquanto todo luxo e bons-tratos
ficam reservados aos participantes da mostra principal, os vencedores do Galgo de Ouro (prêmio máximo do Cine Vídeo, correspondente ao Kikito da Mostra Principal) sequer puderam assistir às exibições da mostra principal sem precisar pagar ingresso. “Quem participa do Festival mesmo, ganha passagem, hospedagem e essas coisas todas. Já quem aposta na produção independente e participa do Cine Vídeo tem que arcar com todas as despesas. Além disso, se não correr atrás, é capaz de nem receber crachá!”, desabafa o produtor Laudimir Vieira, de Belo Horizonte.



Apesar de tudo, pôde-se conferir diversos filmes de muita qualidade não apenas técnica, mas também artística nos cinco dias em que foram exibidos os finalistas do Cine Vídeo. A novidade de 2008 foi a implantação de uma nova categoria: filmes de celular – vencida por Leila Dias, de Palmas, Tocantins. “É muito emocionante ganhar nessa categoria logo em seu ano de estréia!”, exclama.

O júri que definiu os 36 vencedores da competição foi composto pelo diretor Marcelo Lafitte, a atriz Via Negromonte, o diretor Carlos Mossy, o ator Eduardo Daskar, a atriz Lu Grimaldi, a produtora executiva Daniela Menegoto, a produtora Graziela Ferst, o jornalista Adriano Ely, a diretora e produtora Flávia Seligman e o diretor de arte Eduardo Antunes. A lista com os premiados pode ser encontrada no site do Gramado Cine Vídeo
 

GRAMADO PECULIAR

Nem só de cinema, fondue e chocolate vive a charmosa Gramado
pub. dia 18/08/2008 por Thalita Uba - uba_thali@yahoo.com.br

É claro que o Festival é importante e o chocolate, inegavelmente saboroso. Contudo, a parte mais prazerosa de se visitar Gramado é justamente a que passa despercebida pelos fervorosos turistas (loucos, em sua maioria, por tirar uma foto do “pai da protagonista da novela” – cujo nome – mesmo tendo ele mais anos de carreira que a moça tem de vida – ninguém lembra – e por dar a seus altos índices de colesterol um belo motivo para comemorar): os detalhes.
Logo que cheguei à cidade, tive minha atenção atraída para as belas placas que indicam os nomes das ruas. “São novas”, explica, cheia de orgulho, a proprietária da pousada onde me hospedo. Trata-se de belos trabalhos em madeira, visivelmente artesanais, uma graça. Intriga-me o fato de todas as placas apresentarem desenhos de hortênsias, já que apenas uma rua se chama “Avenida das Hortênsias”.


Na Rua Borges de Medeiros, há um relógio que sempre marca a hora certa quando são 9h. É um relógio animado. Fico pensando se funciona com pilhas ou se é ligado na tomada. Na certa, deve ser movido à energia nuclear. Na mesma rua, encontram-se diversos “termo-relógios”, que, além de – esses sim – marcarem a hora certa, possuem termômetros cujas marcas, segundo os moradores locais, raramente ultrapassam os 20°C. A maior parte dos turistas, porém, prefere utilizá-los como bancos de praça. O que é perfeitamente compreensível, afinal, se se quer saber a hora certa, é muito mais fácil passar na frente do relógio animado – aquele, movido à energia nuclear – às 9h.
Não muito longe dali, encontra-se discreta, quase escondida, a fábrica de bengalas. De todos os modelos, tamanhos e cores. “Do gostinho do cliente”, segundo o proprietário. Imagino que Papai Noel deva ser cliente assíduo, visto que não mora muito longe dali. “Mas ainda é agosto e a aldeia do Papai Noel já está aberta?”, revolto-me. Acabo descobrindo que ela nunca fecha. Nem quando o bom velhinho vai passar o verão em Florianópolis. Imagino Papai Noel entregando o Kikito de Melhor Diretor. Aposto que Tim Burton acharia divertido.

Aposto também que Tim Burton acharia uma ótima dar vida a todos os bonecos enormes que posam de chamariz nas portas de bares e restaurantes. Os que mais gostei foram os que vi na porta de uma pastelaria: três moças de atributos excessivamente avantajados, que tinham não somente uma mesa só para elas, mas também taças repletas de vinho e uma bela porção de mini-pastéis, que – fiz questão de checar – eram de verdade. Vida boa, a desses bonecos de porta de bar.

Agradou-me também constatar que aquele papo de que gaúchos são grossos e estúpidos é balela. Ao menos em Gramado. O lugar onde as pessoas param o carro pra você atravessar a rua. “Mãe, parei o trânsito em Gramado”. E agradou-me mais ainda o fato de que o café da manhã, ao menos na maior parte das pousadas e hotéis, é servido até às 11h. Formidável! Achei que em nenhum lugar do mundo os hoteleiros gostassem de acordar tarde.

Por fim, irritou-me o fato de que, mesmo com a ode desmedida aos carboidratos e gorduras saturadas e cafés da manhã que se estendem até quase a hora do almoço, é difícil encontrar gramadenses obesos. Penso que eles devem ter algo diferente no metabolismo. Células especiais prisioneiras de lipídios. Ou vai ver são de outro mundo. Em se tratando de Gramado, eu realmente não duvido.

VIU COMO SE FAZ?

A reportagem do Jornal TiraGosto foi aos bastidores da imprensa e trouxe para você essa matéria que mostra o que acontece na cobertura de um jogo de futebol


Chegando ao estádio
A primeira coisa que tive que fazer foi descobrir onde ficava a sala de imprensa - lá fica a lista com o nome dos veículos e dos profissionais que irão trabalhar na partida. Após pegar minha credencial, subi para o setor da imprensa. Peguei o elevador na torre três da arena da baixada, com outro jornalista que fazia cobertura para TV. Desci no quarto andar, ainda um pouco sem saber exatamente para onde estava indo. Subi alguns degraus e virei à esquerda num corredor imenso que cobre praticamente todo o comprimento do campo de futebol. No corredor ficam as cabines de som, iluminação e as cabines da imprensa - TVs, rádios, e imprensa escrita.

Nas cabines de imprensa
A vista é realmente privilegiada, de qualquer cabine pode-se ver todo o campo. Antes do início do jogo fui conferir o que acontecia em cada cabine. As primeiras cabines são destinadas à imprensa escrita – jornais, blogs, revistas. Em seguida rádios, e TVs que não fazem ao vivo. Bem no meio do corredor, fica uma cabine maior, onde ficam os câmera-mans de olho em todos os momentos do jogo. Na cabine seguinte ficou o pessoal da Sportv, que cobriu a partida ao vivo. Adiante, a mesma estrutura se repetia: TVs, rádios e imprensa escrita. Retornei à cabine da imprensa escrita. Sentei-me, abri um copo d’água (cortesia para a imprensa), e fiz algumas anotações.

O pessoal que cobre o jogo ao vivo, tem auxílio da tecnologia. Geralmente eles acompanham o jogo anotando os melhores momentos e principais jogadas no Notebook. O placar também é atualizado online. Outros jornalistas simplesmente acompanham o jogo e fazem suas anotações.

Imprensa Escrita –
O pessoal que cobre o jogo ao vivo, tem auxílio da tecnologia. Geralmente eles acompanham o jogo anotando os melhores momentos e principais jogadas no Notebook. O placar também é atualizado online. Outros jornalistas simplesmente acompanham o jogo e fazem suas anotações.

Rádio - A equipe de rádio geralmente conta com seis pessoas. O locutor, o comentarista – que faz anotações e comenta no momento adequado, dois repórteres no campo – que entram ao vivo quando são chamados pelo locutor, geralmente após os gols e nos intervalos. Ainda participam da equipe dois técnicos de som. Um na cabine outro no estúdio da rádio.

TVs –
Existem dois tipos de cobertura para a TV. A cobertura ao vivo e a cobertura em forma de reportagem ou VT.

Na cobertura ao vivo, a equipe que fica na cabine conta com o câmera-man, assistente de câmera, o narrador e o comentarista. No campo ficam mais dois repórteres, câmeras e assistentes. A participação dos repórteres de TV e Rádio em campo seguem os mesmos princípios. Ambos participam em circunstâncias semelhantes como: antes do início do jogo e minutos após o começo. Gols, jogadas importantes e é claro, no intervalo.

Na cobertura “não ao vivo” a equipe é menor. Ficam na cabine, o repórter, o câmera e o assistente. Durante a partida o repórter anota os principais momentos. Quando retorna para a TV ele monta e texto o coloca sobre as imagens editadas.

Atlético Paranaense x Ipatinga (MG)
O jogo foi uma barbada para o Atlético, que estreou com novo técnico, Mário Sérgio. O furacão meteu cinco gols no Ipatinga, lanterna do campeonato. Destaque para o atacante Pedro Oldoni que marcou três e quebrou seu jejum de gols. Bom para a torcida atleticana, que há tempos cobrava uma mudança de atitude no time. Se bem que o Ipatinga é cachorro morto, com todo respeito ao finado.

CERVEJA DELICIOSAMENTE QUENTE




As coisas andaram corridas e tive alguns problemas para me comunicar. Mudei de casa, sai de um bairro do subúrbio no lado leste de Londres para o sul perto de Battersea e do Rio Tamisa. Agora espero deixá-los atualizados semanalmente.

Vamos ao que interessa: tomei muita cerveja quente no “Great British Beer Festival”. Quando sentei a frente do computador para escrever a última reportagem sobre cerveja aqui na Inglaterra descobri que teria um evento onde poderia desfrutar de cervejas de todos os lugares da Grã-Bretanha e do mundo.

O que mais se encontrava lá eram as cervejas tipo Ale, a qual possui uma fermentação mais lenta deixando-a com a espuma natural sem a adição de gás na hora de colocar no copo de um “Pint” (copo que contem 568 ml, medida oficial por esses lados). Esse copo teria que ser adquirido por £3,00, mas o dinheiro poderia voltar se você devolvesse o copo, não devolvi lógico. A coloração varia muito entre um escuro bem forte como uma cerveja preta e de bem um vermelho transparente, a espuma e levemente densa.

Peguei meu copo e fui a degustação. A primeira cerveja que eu e meu parceiro tomamos foi do País de Gales, eu peguei uma Brewery from Wales, vinda de Portsfield uma cerveja com 5,4% de álcool com gosto levemente amargo e com um odor muito forte, mas o sabor que fica na boca é muito bom. A outra era do mesmo lugar tinha 4,8% e tinha um leve gosto de ressaca, de cerveja que esta empapuçando. Ambas estavam com uma temperatura quase ambiente.

Em sua totalidade o evento tinha, além de muita cerveja, comida, música e clima de festa. Pessoas de todas as idades e do todos os tamanhos se deliciavam com uma boa cerveja britânica.

Experimentei uma cerveja com 9,4% de álcool, esta tinha um aroma de conhaque e um gosto de rapo de galo com aquele amargo do malte. A cerveja mais gelada que tomei lá foi uma da Alemanha, maravilhosamente loira, bem clarinha. Como estava por lá tive que degustar de um bom Hambúrguer e de um torresmo de porco para acompanhar a cerveja. Aqui é estritamente proibido fumar em lugares fechados, para os admiradores de um tabaco com cerveja péssima notícia: os fumantes deixam os copos numa grande mesa com números, você deixa o seu copo lá e pega o número. O copo com certeza estará lá.

Com relação a música era na maioria rock, soul e blues. Comi meu hambúrguer vendo uma banda de Blues e tomando uma cerveja do Leste Inglês campeã do evento do ano passado, cerveja com 4,8% de álcool e deliciosamente quente, não estou sendo irônico. Já estava sentado no chão de tão cheio de cerveja e comida, peguei meu bloquinho, meu copo, fui para casa.

Eh isso!

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

HOMENAGEM AOS JAPONESES

Em homenagem ao centenário da imigração japonesa, um pouco atrasado, resolvi publicar a dança mais leve e harmoniosa que já assisti. Quem presenciou e fez o vídeo foi meu meu amigo Eduardo Rohn da eedstudios junto com nosso amigo Igor durante as gravações de Specto Sam.

Ainda em clima de homenagem gostaria de dizer o grande apreço que tenho por desenhos em dois planos, imagens chapadas, como se fossem desenhos subindo a folha e não entrando, como se fossem feitos por crianças - mais interessantes que qualquer ilusão de perspectiva. E este tipo de desenho é dos japoneses, assim como a organização dos tatames e biombos.

Porém não vou agradecer pela tecnologia dos robôs, a tradição, o chá verde, o sushi e nem pelo beisebol que eles trouxeram para o Brasil já no navio Kasato Maru em 1908. Mas sim pelas lindas mestiças que aqui nasceram, com todo respeito. Pelo bizarro da pornografia japonesa e também pelo mestre Paulo, ninja brasileiro, que me ensinou alguma coisa do ninjutsu quando ainda era uma criança alucinada pelo fantástico Jaspion, pelo Ultraman e por Jiraya, o incrível ninja.

Japoneses é pra vc´s que ofereço este mestre da simpatia, calma, samba e harmonia:




Arigatô, arigatô!

pub. 14/08/2008

ZACA´S CAMPEONATO

“Zaca´s Campeonato” é a história da Copa do Mundo do gabineto, interessante bairro da periferia de Curitiba.

Joguei por dois anos o Zaca´s e consegui pouca coisa. Nosso time Maruja Paixão foi a “mãezinha” do campeonato: dava pontos pra todo mundo. Mesmo assim foi divertido jogar. O Zaca’s é um campeonato “exemplar” daqueles que juntam a periferia: futebol regado a pai nosso, rivalidade e cerveja.

Confira já as fotografias de Olga Leiria, Felipe H, a direção de Leandro H com imagens de Sandro Salvinski e a voz salvadora de Jesus Barbosa!

Vídeo sem título por LeandroHammer no Videolog.tv.

pub. 04/08/2008

CERVEJA QUENTE?

Antes de conhecer a Europa tomei consciência de que nunca mais iria tomar cerveja gelada, pois no velho continente só tinha cerveja quente


Quando chego em Londres a primeira coisa que penso em fazer é experimentar uma cerveja em um Pub, neste há uma temperatura diferente para cada tipo de cerveja. Mas não é somente em Pub’s que cervejas são degustadas.

Mas antes de tudo tenho que deixar claro que não existe apenas um tipo de cerveja. Há cinco tipos de “British Beers” (cervejas britânicas), essas são geralmente degustadas a uma temperatura entre 3 e 6 graus Celsius. A cerveja britânica é uma cerveja forte, com gosto amargo, encorpada e acima de tudo saborosa.

Enquanto pesquisava sobre as cervejas britânicas para angariar informações descobri a respeito de um festival de cervejas Ale. Então resolvi parar a conversa por aqui e continuar na semana que vem com uma reportagem completa, pois estarei no Great Beer British Festival.

É isso!

BOCA DO PALHAÇO - VINHETINHA

Amarildo, o palhaço doidão da rua XV, está em todas. Em breve você verá o novo dono da boca em ação aqui no Jornal TiraGosto.
Enquanto isto, dê uma olhada na vinheta do programa Boca do Palhaço dirigido por Franco Caldas Fuchs e editado por Leandro H




Já já você poderá ver o primeiro episódio: “A corrida dos alimentos”. Guenta ai!


pub. dia 01/08/2008

terça-feira, 6 de setembro de 2011

O BREAK NO ITÁLIA

foto: Franco Fuchs


Em Curitiba, um dos locais mais importantes para o break (um dos quatro elementos do movimento hip hop) fica situado no espaço de um shopping

por Franco Caldas Fuchs, pub. dia 24/07/2008

Meses atrás, o assunto ganhou destaque nos noticiários. No bairro Portão, jovens vestidos no estilo hip hop foram barrados no mais novo shopping da cidade: o Palladium.

Em compensação, praticamente ninguém lembrou que, no centro de Curitiba, outro grupo de jovens com características parecidas se reúne todo sábado à noite, sob a cobertura do Shopping Itália, sem a menor crise.

E isso acontece desde que o shopping foi inaugurado, em 1983, quando os primeiros b-boys (dançarinos de break) curitibanos, como Vilmar, “Aranha” e “Carioca”, elegeram o piso de granito do Itália como o melhor lugar para dançar.

“A jam session [sessão de improviso] do Itália é uma das mais antigas do Brasil e do mundo em atividade”, informa o b-boy Wagner “Baqueta” aos desavisados. Segundo ele, ao longo do tempo muitos redutos tradicionais do break foram se extinguindo, enquanto o espaço no Itália continua firme, atraindo b-boys e b-girls de todos os cantos, sejam eles da velha ou da nova geração.

Patrimônio do hip hop
Considerado, portanto, um verdadeiro patrimônio cultural do hip hop, o Itália é muito bem preservado por todos os b-boys que dele fazem uso. “É um ambiente familiar. Aqui não rola bebida e praticamente nem cigarro”, diz Baqueta, sendo que esse discurso não é só da boca para fora, como a reportagem testemunhou.

O mais interessante é que essa “abstinência”, ao invés de ser imposta, é algo natural para esses b-boys que levam a sério o que fazem e por isso não ousam comprometer suas performances sob os efeitos do álcool ou do tabaco.

Os b-boys revelam que também se esforçam para que nenhum estranho use outras drogas diante do Itália ou piche o espaço que eles tanto lutaram para conquistar.

Por conta disso, a relação que possuem com a direção do shopping é tranqüila. “Não temos nenhum acordo formal com esses jovens, mas mantemos um bom convívio com eles”, diz Silvio Chultiz, da imobiliária responsável pelo prédio do Itália, lembrando que nunca houve reclamação pela presença dos b-boys.

Unidos nessa simbiose, ganham o break, que mantém sua arte viva no coração da cidade, e o shopping, que mesmo fechado no sábado à noite, vira uma espécie de atração turística.