sexta-feira, 18 de novembro de 2011

A espera e o embarque

Do dia do retorno a Curitiba até receber a noticia do embarque foram 45 dias de espera angustiante. Dia oito de dezembro soube a noticia pela minha agente que eles precisavam de assistants waiter (assistentes de garçom) para o maior navio ancorado na costa brasileira, um navio espanhol com administração portuguesa.

Animado com a possibilidade de embarque imediato, mesmo fora de minha posição, aceitei o cargo sem nenhuma experiência da profissão. Primeiro erro.

Após ir até a agência buscar minha carta de embarque, arrumei as malas e na quarta-feira à noite fui com minha namorada até a rodoviária para a dolorosa despedida. Choro e tristeza, mas empolgação pela possibilidade de novas experiências e um bom dinheiro, seis horas de ônibus até Santos, e eu estava pronto para o embarque. Ledo engano. Chegamos lá por volta das cinco e meia da manhã, eu e mais sete marinheiros de primeira viagem, prontos para o embarque. Aqui começava nossa espera. Após pegar um táxi até o terminal de embarque de passageiros no porto de Santos, ficamos esperando oito horas para embarcar no navio, devido a desorganização que é o embarque dos tripulantes.

O terminal abriu suas portas para o embarque por volta das oito e meia da manhã, mas tivemos de aguardar por horas em pé para passar pelos detectores de metal, pela conferência dos documentos na polícia federal até chegar a porta do navio. Um fato estranho ocorre minutos antes de entrarmos no navio: três jovens passam por nós, com malas e expressões de felicidade, gritando como loucos que finalmente estavam livres do navio. Diziam que aquilo não era vida e que finalmente estavam fora.. Um aviso?

Bem, deixamos a preocupação de lado e entramos no navio da companhia espanhola, onde tivemos que passar por um novo processo de preenchimento de formulários. Mais papéis, assinaturas isentando a empresa de qualquer problema, muito estranho.

Nossos exames médicos, que tanto exigiram de nós, se eu quisesse nem teria apresentado pois ninguém nos levou até o médico quando entramos no barco. Fomos levados até o roupeiro do navio, chamado Francis, um asiático que falava um inglês arrastado e de pouca compreensão. Primeiro problema: não havia roupas de trabalho para todos nós. Consegui completar meu uniforme cinco dias depois de embarcar, outra guria que chegou de Porto Alegre conseguiu uma calça com número duas vezes maior, outro ainda teve problemas com o blazer, assim como eu.

Mesmo assim fomos trabalhar. Acontece que antes disso, precisávamos de cabines, mas o navio havia chegado de Recife com problemas. Várias cabines estavam alagadas, devido a problemas no sistema hidráulico que se encarrega de esgotar os vasos sanitários.

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