sábado, 5 de novembro de 2011

FUTEBOL CONTRA CRACK


pub. em agosto de 2007 por Leandro Hammerschmidt

Quem chega a canchinha de futebol de areia da Rua Nabal Guimarães Barreto na esquina com a Rua José Michna Filho, no bairro Orleans, normalmente se senta e pede próxima. Todos os dias o “couro come” na pelada entre crianças, adolescentes, profissionais liberais e desempregados.

A partir das cinco da tarde só fica a criançada, e quem assume o comando é o Pastor Eliseu Nogueira que - longe de ser santo -, ensina toda malícia do futebol. Mas também cobra disciplina e comprometimento dos pequenos. Pode parecer só uma piazadinha jogando bola, mas a canchinha é bem mais que isso, ela é opção pra gastar o tempo num bairro sem muitas opções.

O bairro Orleans, uma estreita faixa na periferia de Curitiba, é considerado area de risco social: muita gente desocupada, a beira da marginalidade. Segundo o morador Ramiro Pereira de Lima, 36, fazem mais de dez anos que o bairro estava sem uma area de lazer. A última (o campo da Mapin) virou um condomínio de luxo, daqueles que tem de monte no São Braz.

Para montar essa escolinha com o Pastor, a prefeitura cedeu algumas bolas, rede e coletes. Um pequeno investimento que começa a dar resultados: no último final de semana os meninos tiraram 2º lugar num campeonato da Secretaria Municipal de Esporte e Lazer. Mas nada comparado a opção de vida que o esporte representa e capacidade de envolver que o jogo tem. De acordo com o professor Eliseu um menino “vai puxando o outro para o esporte”. E neste corrente já somam 20.


Enquanto esperava para ver um “jogaço” entre Vila Real e Gabineto, valendo 20 reais, Luciane Costa conta que pretende colocar seu filho Braian, de sete anos, na escolinha “para ele não ficar maloquiando na rua”.

Há dois anos o irmão de Luciane levou 16 tiros no peito, e dizem que foi por conta de uma dívida com traficantes.  Huck, como era conhecido o rapaz pelo seu porte físico, sobreviveu por milagre, porém permanece vegetando na cama. “Minha mãe deixa esse pessoal que usa droga ir lá ver ele pra ver o que acontece” diz Luciane.

O Crack - O consumo de droga não é diferente no Orleans, a droga está por toda Curitiba e por todo o país. Não quero julgar, nem arrotar nada, porque até já fumei a pedra e senti a boa sensação de ficar suave. Não faço apologia à droga, mas também não desprezo seu poder. Só que é triste demais ver um amigo de infância passar o dia inteiro catando papel pra fumar duas, três pedras por dia. E isso é mais motivo pra ser contra o crack.

Este é meu relato mais bobo, falando que esporte desenvolve e tals. Mas queria que vocês soubessem como uma canchinha de futebol, que custa quase nada, pode fazer bem as crianças, adolescentes e adultos do Orleans.

Se o amigo leitor quiser conferir, basta chegar lá e fazer próxima. E, se optar por jogar descalço, pode saber que vai acabar trocando seu chinelo. No entra-e-sai do jogo um acaba pegando o chinelo do outro, às vezes por engano, mas quase sempre por malícia mesmo. Só nesse mês, troquei três havaianas lá. A última estava presa com prego... da próxima vez quero ver se pego uma melhorzinha.

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