sexta-feira, 18 de novembro de 2011

E O “HOMEM-PÊNDULO” PAROU

48 horas depois, com o recorde mundial de abdominais. Edmar Freitas finalmente deixa seu corpo inerte sobre o companheiro, adversário e testemunha de agruras: o colchonete

pub dia 15/12/2008 por por Franco Caldas Fuchs – francofuchs@gmail.com

O relógio da igreja do Bom Jesus anuncia quinze minutos para as onze da manhã. Quinze minutos para Edmar Freitas completar 48 horas de exercícios abdominais ininterruptos. Quinze minutos para a conquista de um novo recorde mundial.

Perto do fim desse enduro, Edmar parece ter força de sobra. Para quem não acreditava na seriedade de suas abdominais, que foram fiscalizadas pela Federação Paranaense de Musculação e Fitness e pela ONG Mudarte, ele tripudia, faz o público delirar, erguendo sua coluna “até em cima” e depois fazendo movimentos simultâneos de “pedalada” com as pernas.

Como se não bastasse, engata um belo discurso para cerca de quarenta pessoas que estão em volta de sua barraca, localizada no meio da praça Rui Barbosa.

Sem parar de flexionar a barriga, pega a bandeira nacional e a segura como se fosse um manto. “Seja de primeiro ou terceiro mundo, você tem que honrar o seu país”, diz.

Das caixinhas de som de um laptop, o hino brasileiro começa a tocar. Pessoas cantam e depois aplaudem: o Brasil e Edmar, impávidos colossos.

Para fechar a carreira

Edmar agradece o apoio da sua equipe e da prefeitura, mas revela que teve uma série de dificuldades para pôr em prática o seu recorde, tendo que recorrer a empréstimos para financiar o seu projeto.

“Tudo conspirou para que eu não estivesse aqui hoje e muita gente queria que eu desistisse”, disse Edmar, que com isso aproveitou para aconselhar as pessoas a serem persistentes. “Mas fiz o que eu acreditava que era certo. Acreditem vocês também em seus sonhos e, acima de tudo, acreditem em Jesus Cristo.”

Diante da imprensa e do público, Edmar também avisa que este é seu último recorde. “Eu poderia ainda bater muitos outros, mas agora quero trabalhar em prol de atletas mais jovens, que precisam de um incentivo.”
Instantes finais

Faltando 15 abdominais para encerrar sua jornada, Edmar fez suas últimas repetições com o filho pequeno no colo. “Para lembrar das crianças que vão receber os presentes que arrecadamos. Talvez não tenham sido muitos, mas sei que foram doados de coração”.

A contração abdominal derradeira se deu ao som de foguetes, aplausos e gritos de “é campeão”. Pararam finalmente o homem-pêndulo e seu cronômetro. Mas suas 48 horas de 200 mil “vai-e-vens” seguem agora eternizadas na história.

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