segunda-feira, 24 de outubro de 2011

PRIMO POBRE

pub. dia 11/09/2008 por Thalita Uba - uba_thali@yahoo.com.br

Vídeos-documentários são marginalizados no mundo cinematográfico

Não é de hoje que o gênero documentário é marginalizado pelo público em geral. Enquanto os filmes de ficção – tanto os blockbusters quanto os mais experimentais – logo se tornam assuntos corriqueiros nas rodas de amigos, o vídeo-documentário pouco é lembrado por grande parte da população.

O público, em parte, não se sente atraído pelo gênero. “Quando penso em ‘documentário’, me vem à cabeça algum vídeo educativo, desses que passam pra gente na 7ª série”, confessa o engenheiro civil Jonas Dörr. Segundo ele, filmes de ficção são mais atrativos por apresentarem temas que podem surpreender o público mais facilmente. Para a escritora Franciane Flickinger, a população acredita que cinema é sinônimo de diversão e não de conhecimento: “A maioria das pessoas sequer se interessa por aprender coisas novas, obter informações. Eles só querem pão e circo!”, exclama. Além disso, Franciane crê que grande parte do público acha que não vale a pena gastar dinheiro para assistir a um documentário. “Acho que há um limite alto de pessoas que estão dispostas a pagar para ver um filme do gênero”, diz.

Se de um lado o público não possui a cultura de assistir a vídeos-documentários, do outro, as exibidoras de filmes também não colaboram. Hoje, das 67 salas de cinema de Curitiba, apenas uma exibe um documentário (o Cine Luz, tradicionalmente conhecido por exibir filmes diferenciados). Segundo Caroline Weiss, estudante de Publicidade, falta divulgação: “Eu gosto de documentários, mas a gente quase nunca fica sabendo quando tem um em cartaz. Às vezes, nem nos sites que têm as programações dos cinemas se acha”, reclama. De acordo com o jornalista e estudante de cinema Carlos Debiasi, o público assiste, sim, a documentários, mas de apenas um tipo e de forma bastante restrita: “É aquele formato televisivo clássico, muito semelhante ao jornalismo, que de tanto vermos, acabou desgastado”.

A desvalorização do gênero, contudo, começa na própria indústria cinematográfica. Nunca um documentário foi indicado ao Oscar de Melhor Filme. A própria categoria “Melhor Documentário” só foi criada em 1999 (a premiação do Oscar, todavia, se dá desde 1927). Segundo Debiasi, esquece-se que o documentário, muitas vezes, é que dá base para o cinema de ficção: “Notícias de uma Guerra Particular, de João Moreira Salles e Kátia Lund, por exemplo, é o esboço de Tropa de Elite. Os personagens estão lá, tudo está lá. Quando foi documentário, não chegou à sala do brasileiro, mas depois que foi revestido como ficção e colocou-se um capitão Nascimento, chegou”.

Apesar de tudo, há diversos cineastas que apostam no gênero. O internacionalmente conhecido Michael Moore fez história ao ganhar a Palma de Ouro no Festival de Cannes de 2004 com Farenheit 11/09. No Brasil, muitos diretores de renome iniciaram suas carreiras produzindo documentários, como é o caso de Fernando Meirelles e Jorge Furtado. Além disso, o documentário é um gênero recorrente nas novelas e telejornais nacionais, que se apóiam em suas bases e princípios para construírem suas próprias narrativas. “O documentário é um gênero clandestino que está por detrás dos cenários das novelas, por debaixo da bancada dos jornais brasileiros. Fica lá. E, de vez em quando, vem pra luz nacional e suscita alguma discussão. Um dia, quem sabe, teremos o prazer de ver essa ponte clandestina exibida para todos na Tela Quente ”, completa Debiasi.

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Um comentário:

  1. Thalita Uba Says:
    setembro 26th, 2008 at 12:05 am

    Só porque escrevi, essa semana tem uns 5 documentários em cartaz :P

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    leandro Says:
    setembro 26th, 2008 at 12:34 am

    pois é Thalita, agora pro Debiasi morder a língua bem q poderia passar na tela quente o “Ambição Perigosa: A Morte de Xuxa”
    http://br.youtube.com/watch?v=g1Ci9wMpq10

    poxa um monte de coisa boa pra indicar e eu falando deste q nem sei se é documentário

    taí Thalita vc poderia fazer uma lista de links do youtube com seus docs favoritos né!?

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    Thalita Uba Says:
    setembro 26th, 2008 at 9:14 pm

    hahahahaha
    então, eu queria linkar o novo doc. do michael moore, que ele próprio disponibilizou pra download na internet, como um “presente para seus fãs”. o filme trata das eleições nos Estados Unidos, mas intelizmente só está disponível pra download na América do Norte.
    eu realmente não tenho uma lista de docs. favoritos no youtube. o que posso (e pretendo, na verdade) fazer mais além, é fazer uma lista de filmes “que toda pessoa deveria ver antes de se dizer cult”. mas isso só mais pro final do ano =)

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