Mostrando postagens com marcador THALITA UBA. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador THALITA UBA. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 18 de maio de 2012

VOLTA, PEDREIRA!




pub. dia 14/05/2009 por Thalita Uba - uba_thali@yahoo.com.br


Ok, o show do Oasis foi legal, o set list foi seguido à risca, os banheiros estavam limpinhos e todo mundo conseguiu ver o show com razoável conforto. Não dá, realmente, pra reclamar da Expotrade. O espaço preparado comportou muito bem o show, as cerca de 12 mil pessoas que lá estavam e tudo fora muito bem organizado (ao menos do ponto de vista de uma humilde fã, que apenas foi à Expotrade para ver a banda tocar e não teve acesso aos bastidores da organização do evento). Contudo, não posso negar saudades imensas dos shows no grande palco aberto de Curitiba: a Pedreira Paulo Leminski.


A Pedreira nasceu em 1990, durante o governo Jaime Lerner. Seu nome, obviamente, é uma homenagem ao escritor curitibano Paulo Leminski combinada com uma referência à antiga serventia do local, que abrigava a Pedreira Municipal e uma usina de asfalto. Com capacidade de 30 mil pessoas, 103,5 m2 de área e seu paredão rochoso de 30m de altura, a Pedreira Paulo Leminski já foi palco de shows de diversos artistas de renome como Paul McCartney, David Bowie, Milton Nascimento, Roberto Carlos, Iron Maiden, Pearl Jam, Ramones, Björk, Arctic Monkeys e The Killers.


Em 2008, a Pedreira foi interditada por uma liminar que o Ministério Público do Paraná concedeu a 134 moradores do Abranches (bairro onde se localiza a Pedreira), que se declaravam descontentes com os transtornos que a realização de shows no local causava. Com seu fechamento, Curitiba – que, na época, se encontrava na terceira posição de destinos de shows internacionais no Brasil, perdendo apenas para Rio de Janeiro e São Paulo – passou a ser preterida e os amantes da boa música tiveram lamentavelmente de ver muitos de seus artistas favoritos darem preferência às outras capitais sulistas (Florianópolis e Porto Alegre).


Uma democracia que privilegia 134 pessoas e passa por cima do direito de outras milhares que habitam a cidade de usufruir de um patrimônio público está, claramente, com algum problema. Não se trata de não haver um lugar apropriado para a realização de grandes shows em Curitiba (apesar de ser necessário apontar que a Expotrade está, afinal, localizada no município de Pinhais), pois não há como negar que tal espaço existe, sim. Trata-se de assassinar uma tradição de quase 20 anos por birra de algumas pessoas, afetando, assim, a cena cultural de uma cidade inteira.

Agora a boa nova: o vereador Jonny Stica, com o apoio de empresários do mundo artístico e comerciantes, mobilizou-se para reverter essa situação. Seu manifesto pode ser encontrado no site www.apedreiraenossa.com.br. Lá também é possível assinar o abaixo-assinado que Stica pretende apresentar ao Poder Judiciário a fim de revogar a liminar que fechou a Pedreira. Agora é conosco. Se unirmos forças, quem sabe não conseguimos reaver nosso palco preferido?

.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

O CURIOSO CASO DE BENJAMIN BUTTON

pub. dia 28/01/2009 por Thalita Uba - uba_thali@yahoo.com.br

Grande nome do Oscar 2009, O curioso caso de Benjamin Button traz um recorte interessantíssimo do livro de F. Scott Fitzgerald. Indicado a 13 estatuetas, o filme dá um show no quesito maquiagem e conta com a atuação surpreendentemente boa de Brad Pitt (que geralmente só chama atenção pelo – cá entre nós – fabuloso aspecto físico).


O roteiro traz a história de Benjamin Button, um homem que, contrariando as regras da natureza, já nasce velho e, com o passar dos anos, ao invés de envelhecer, fica mais novo. Benjamin nasce no dia em que acaba a 1ª Guerra Mundial. Sua mãe morre no parto e seu pai o abandona. O menino, visto pelo pai como uma aberração, é criado por uma mulher que coordena um asilo e lá ele cresce, cercado de cuidados especiais. É lá que ele se acostuma com a morte – que com freqüência leva um dos moradores embora – e onde faz amigos de quem ele sabe que terá de se despedir logo. Daisy (Cate Blanchett – ruiva e lindíssima), neta de uma das moradoras do asilo, é uma das primeiras amigas de Benjamin – e também seu grande amor. Boa parte de sua vida está ligada a ela e toda sua história é contada no filme pela filha de Daisy, que lê o diário de Benjamin Button para a mãe em seu leito de morte.

Apesar de um tanto longo (são quase 3h de filme), o filme é, além de belíssimo, muito bem amarrado. Por conta disso, é um forte candidato às estatuetas de Melhor Fotografia, Melhor Direção de Arte, Melhor Maquiagem e Melhor Roteiro Adaptado (esses últimos praticamente certos, na minha opinião). Apesar da ótima atuação de Brad Pitt, tenho minhas dúvidas com relação a sua premiação. O mesmo posso dizer da concorrente ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante Taraji Henson (que interpreta a mãe adotiva de Benjamin), que não foi mal mas não chega aos pés de Penelope Cruz em Vicky Cristina Barcelona. Seguindo a lógica que rege o Oscar há alguns anos, acredito que a estatueta de Melhor Figurino vá para A Duquesa e confesso que ficarei extremamente decepcionada se Batman – o Cavaleiro das Trevas perder o prêmio de Melhor Efeito Especial para Benjamin Button.


Nas demais categorias em que O curioso caso de Benjamin Button está concorrendo (Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Edição, Melhor Mixagem de Som e Melhor Trilha Sonora Original), não me arrisco a opinar. Mas mesmo não acreditando que o filme leve todos os prêmios aos quais fora indicado, afirmo que é, sem sombra de dúvidas, um dos melhores filmes que concorrem no Oscar esse ano. E se não for pela história, vale ao menos pra ver Brad Pitt com 17 anos de novo.

.

OSCAR 2009

pub dia 22/01/2008 por Thalita uba - uba_thali@yahoo.com.br

A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood anunciou hoje os indicados ao Oscar 2009. A indicação brasileira à categoria Melhor Filme Estrangeiro – o filme Última Parada 174, de Bruno Barreto – não foi selecionada, como era de se esperar – ao menos para mim, que aliás reclamei da fórmulapreto-pobre-favelado-violento” utilizada por Barreto aqui mesmo no TiraGosto. Não menos surpreendente é a indicação póstuma de Heath Ledger ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante por Batman – O Cavaleiro das Trevas. Alguém tem dúvidas de que ele leva essa? Confesso que ainda não assisti a todos os filmes que concorrem à estatueta de Melhor filme, mas aposto em Wall-e na categoria Melhor Filme de Animação e em A troca em Melhor Fotografia e Direção de Arte. Alguém mais arrisca um palpite?

Melhor Filme
* O Curioso Caso de Benjamin Button
* Frost/Nixon
* Milk
* The Reader
* Slumdog Millionaire

Melhor Ator
* Frank Langella (Frost/Nixon)
* Sean Penn (Milk)
* Brad Pitt (O Curioso Caso de Benjamin Button)
* Mickey Rourke (The Wrestler)
* Richard Jenkins (The Visitor)

Melhor Atriz
* Anne Hathaway (O Casamento de Rachel)
* Angelina Jolie (A Troca)
* Melissa Leo (Rio Congelado)
* Meryl Streep (Dúvida)
* Kate Winslet (The Reader)

Melhor Ator Coadjuvante
* Josh Brolin (Milk)
* Robert Downey Jr. (Trovão)
* Philip Seymour Hoffman (Doubt)
* Heath Ledger (Batman - O Cavaleiro das Trevas)
* Michael Shannon (Revolutionary Road)

Melhor Atriz Coadjuvante
* Amy Adams (Doubt)
* Penelope Cruz (Vicky Cristina Barcelona)
* Viola Davis (Doubt)
* Taraji P. Henson (O Curioso Caso de Benjamin Button)
* Marisa Tomei (The Wrestler)

Melhor Diretor
* Danny Boyle (Slumdog Millionaire)
* Stephen Daldry (The Reader)
* David Fincher (O Curioso Caso de Benjamin Button)
* Ron Howard (Frost/Nixon)
* Gus Van Sant (Milk)

Melhor Roteiro Adaptado
* O Curioso Caso de Benjamin Button
* Doubt
* Frost/Nixon
* The Reader
* Slumdog Millionaire

Melhor Roteiro Original
* Frozen River
* Happy-Go-Lucky
* Na Mira do Chefe
* Milk
* WALL-E

Melhor Filme de Animação
* Bolt (Walt Disney)
* Kung Fu Panda (DreamWorks Animation)
* WALL-E (Walt Disney)

Melhor Direção de Arte
* A Troca
* O Curioso Caso de Benjamin Button
* Batman - O Cavaleiro das Trevas
* A Duquesa
* Apenas um Sonho

Melhor Fotografia
* A Troca
* O Curioso Caso de Benjamin Button
* Batman - O Cavaleiro das Trevas
* The Reader
* Slumdog Millionaire

Melhor Figurino
* Austrália
* O Curioso Caso de Benjamin Button
* A Duquesa
* Milk
* Apenas um Sonho

Melhor Documentário
* The Betrayal
* Encounters at the End of the World
* The Garden
* Man on Wire
* Trouble the Water

Melhor Documentário de Curta-metragem
* The Conscience of Nhem En
* The Final Inch
* Smile Pinki
* The Witness - From the Balcony of Room 306

Melhor Edição
* O Curioso Caso de Benjamin Button
* Batman - O Cavaleiro das Trevas
* Frost/Nixon
* Milk
* Slumdog Millionaire

Melhor Filme Estrangeiro
* The Baader-Meinhof Complex (Alemanha)
* The Class (França)
* Departures (Japão)
* Revanche (Áustria)
* Waltz with Bashir (Israel)

Melhor Maquiagem
* O Curioso Caso de Benjamin Button
* Batman - O Cavaleiro das Trevas
* Hellboy 2: O Exército Dourado

Melhor Trilha Sonora Original
* O Curioso Caso de Benjamin Button
* Defiance
* Milk
* Slumdog Millionaire
* WALL-E

Melhor Canção Original
* Down to Earth (WALL-E)
* Jai Ho (Slumdog Millionaire)
* O Saya (Slumdog Millionaire)

Melhor Curta-metragem
* Auf der Strecke
* Manon on the Asphalt
* New Boy
* The Pig
* Spielzeugland

Melhor Animação de Curta-metragem
* La Maison en Petits Cubes
* Lavatory - Lovestory
* Oktapodi
* Presto
* This Way Up

Melhor edição de som
* Batman - O Cavaleiro das Trevas
* Homem de Ferro
* Slumdog Millionaire
* WALL-E
* O Procurado

Melhor Mixagem de Som
* O Curioso Caso de Benjamin Button
* Batman - O Cavaleiro das Trevas
* Slumdog Millionaire
* WALL-E
* O Procurado

Melhor Efeito Especial
* O Curioso Caso de Benjamin Button
* Batman - O Cavaleiro das Trevas
* Homem de Ferro


.

BOA VIAGEM

pub. dia 21/12/2008 por Thalita Uba  - uba_thali@yahoo.com.br

Recife possui apenas duas praias: Boa Viagem e Pina. Admito que gostei muito de Boa Viagem, a mais famosa, onde me hospedei. Não apenas pela praia de águas límpidas e mornas, mas por todo o bairro (confesso, aliás, que dei uma de mocinha da cidade e fui visitar o Shopping Recife, o maior da cidade, muito bonito e bem organizado), que amenizou a má impressão que tive da cidade depois de ter visitado o centro.

fotografias do blog Acerto de Contas

Acordei às 6h, achando que já tivesse passado das 10h, dada a claridade. “Aqui amanhace lá pelas 4h, se tu quiser ir à praia umas 4h30, 5h, pode ir que já tá cheio de gente”, disse-me o dono do hotel em que estava hospedada. Como não fiquei animada a esperar o dia seguinte, levantar às 4h da manhã e confirmar veracidade da informação, resolvi ir naquele dia mesmo.

Logo ao chegar na beira-mar, veio um vendedor me oferecer coco, cadeira e “água doce pra jogar no corpo”. “Pronto”, pensei. Será Olinda tudo de novo. A bajulação, contudo, parou ali. O moço logo se ocupou de outros turistas que por ali estavam. Aliviada, pisei na areia e a primeira coisa em que reparei foi a placa que avisava para tomar cuidado com os tubarões. “Agora me sinto em Recife”, disse a mim mesma. Lembrei-me de minha mãe e seus conselhos de “não nadar no fundo”. A verdade é que eu não via a hora de me esbaldar naquele mar azul tão convidativo.

Ao iniciar minha caminhada ao longo da orla recifense (Boa Viagem possui 7km de extensão), foi como se minha mente entrasse em um universo paralelo. Desliguei do mundo. Percorri boa parte da praia da Boa Viagem, até quase chegar ao Pina. Em um trecho em que havia poucas pessoas, fiz uma coisa que ninguém deveria fazer (uma das muitas, por sinal): larguei todas as minhas coisas na areia e fui nadar com os tubarões.
A água, além de limpíssima, mal chega a refrescar, de tão quente que é. Ao sair do mar (confesso que por medo de que alguém aproveitasse minha aventura marinha para me levar a bolsa), experimentei uma das melhores sensações de liberdade que já experimentei na vida. A areia fina, o mar azul, o vento forte e até os tubarões, era tudo perfeito.



Foi na volta que me dei conta de que estava tão empolgada quando comecei meu passeio que esqueci de reparar no caminho para voltar (especialmente porque esqueci de ver os nomes das ruas em que tinha que virar pra voltar para o hotel). Por sorte, tenho o privilégio de o lado esquerdo do meu cérebro funcionar bem, de modo que sou boa com direções, mas quando cheguei no ponto em que deveria virar, não consegui. Queria caminhar pra sempre. Continuei andando e, infelizmente, tive uma surpresa um tanto desagradável. A rua de meu hotel dava mais ou menos na metade da Boa Viagem e quando fui caminhar, fui em direção ao Pina. Na volta, quando fui em direção a Piedade (praia do município de Jaboatão dos Guararapes), parecia que estava caminhando em outra praia. Muito lixo, vendedores ambulantes e – o pior de tudo – dezenas de “farofeiros” e outros desocupados. Depois de muitas ofertas de “canga, moça?” e gritinhos de “que beleza, morena” achei melhor voltar. Fiquei realmente triste de ver como um local tão bonito pode, por conta do animal humano, se transformar em um inferno em poucos metros.

Apesar disso, voltei para o hotel depois de três horas de caminhada praticamente incessante com uma sensação ótima. Ao sentar na cama, em meu quarto, beberiquei minha H2OH! e pensei: “À tarde, acho que vou fazer mais uma caminhada”. Antes tivesse me contentado com a boa caminhada da manhã. Lá por 16h (hora em que o sol está se preparando para se pôr e o calor é um pouco menos infernal), decidi andar pelo calçadão até a praça da Boa Viagem, onde há a famosa feirinha da Boa Viagem e a igreja matriz de Nossa Senhora da Boa Viagem, erguida no século XVII. Se disser que não me arrependi, estarei mentindo, O número de farofeiros não apenas dobrou, como tomou conta do calçadão. Eu, com essa pinta de turista do sul (quando não pensam que sou estrangeira), confesso que sofri. Não apenas com as palhaçadas que ouvi (que vinham não somente dos farofeiros, mas também dos vendedores e até de policiais) mas com a quantidade de lixo no chão e o cheiro de urina – quase insuportável em alguns pontos. Trotei até a pracinha (para encontrar metade da tal feira famosa ainda fechada) e, na volta, caminhei pelo outro lado da rua, pela calçada dos grande hotéis e prédios. Atentei, então, para um ponto que não tinha reparado: Boa Viagem, com seus 7km de beleza, praticamente não possui restaurantes e bares à beira-mar. Há apenas prédios e mais prédios. São lindos, é verdade. Mas vejo dois problemas: primeiro, não há sol na praia durante a tarde. Ele é bloqueado por tamanho paredão de cimento. Segundo, aproveitar tanta beleza à tarde e também à noite se limita a um número restrito de pessoas. Só quem mora ou está hospedado em um dos caríssimos hotéis da beira-mar podem desfrutar da beleza da praia, visto que quase não há lugares onde sentar para beber ou petiscar alguma coisa e ninguém é louco (nem mesmo eu) de ir à praia à noite – as manchetes dos jornais locais durante essa semana, inclusive, falavam dos arrastões que estão acontecendo em Recife.

Apesar de tudo, gostei da Boa Viagem. Acho que me conforta pensar que é um local que ainda tem conserto. Basta o ser humano colaborar um pouquinho, pois a natureza inegavelmente fez a sua parte.

.

OLINDA


pub. dia 19/12/2008 por
Thalita Ubauba_thali@yahoo.com.br

“É brasileira?”. “Sou.” Cara maliciosa: “É do sul, então”. Cara de quem já respondeu àquela pergunta algumas vezes aquele dia: “Sim”. Sorriso largo: “Altona, olhão verde… É modelo?”. Aqui chega o momento decisivo. Se digo que “sim”, o assunto morre. Se digo que “não”, vem o  “ah, mas devia ser” seguido de todos aqueles conselhos subseqüentes. “Sim”. “Ah”. Pernambuco é famosa por sua gente hospitaleira. Demais, até. Eu, curitibana arisca e crica, tenho problemas em aceitar a recepção calorosa dos habitantes de Olinda. E por mais que a gente tente cortar, eles sempre arrumam um assunto novo pra puxar papo: “Tá chovendo pra caramba lá agora, né?”.

Dizem que quando os portugueses chegaram a Pernambuco e subiram as longas ladeiras da Sé para admirar a bela vista, disseram: “Oh! Linda!”. Nada bobos, esses portugueses. De Olinda é possível vislumbrar algumas das paisagens mais bonitas do mundo, que compensam todo esforço (quase sobre-humano) de subir e descer suas intermináveis ladeiras sob um sol de 35°C. Além da paisagem lindíssima, as graciosas casinhas em estilo português - tombadas patrimônio cultural da humanidade - são um show à parte. Nas igrejas, destaque para os altares cobertos de ouro (literalmente). A única coisa que incomoda são os “guias” - pessoas que te perseguem pra cima e pra baixo contando a história de Olinda sem que você tenha pedido, a fim de ganhar umas moedas. Os vendedores de rua também são assaz inconvenientes, continuam no seu pé mesmo depois de você já ter comprado algo.


Destaque para a tapioca, que fiz questão de provar. Feita na hora pela pernambucana que cantarolava um frevo sem parar. Gostei também de ver a primeira faculdade de Direito do Brasil, onde estudaram Rui Barbosa e Castro Alves (ao menos de acordo com meu “guia”) e que hoje é moradia de alguns monges. A Catedral da Sé (apesar da perseguição dos “guias” e dos vendedores de bugigangas), é parada obrigatória não apenas por seu valor histórico-cultural, mas por abrigar a mais bela vista de Recife. Os largos e praças onde se encontram as esquinas de diversas ladeiras que são tomadas por milhares de pessoas e bonecos durante o famoso carnaval são uma graça, mas a casa de Alceu Valença – ele que me desculpe – não é lá das mais bonitas.

“Leve mais uma, isso aqui tu não vai encontrar mais barato em lugar nenhum, visse?”, ele me garantiu. “Oxe, mas faz um desconto pra ela”, disse o segundo. “Faz por 12″, um terceiro. Pensei em como os portugueses não pensaram que sua descoberta “Oh! Linda!” seria disputada pelos vendedores de toalhas de mesa. Pensei em como seria bom poder desfrutar de toda aquela beleza sem ser incomodada, comendo uma tapioca e tentando adivinhar qual casa seria a de Alceu Valença – “Deve ser a mais bonita”. Retornando à realidade, à bela cidadezinha tombada patrimônio histórico, à vista realmente “Oh! Linda!”, a um povo hospitaleiro demais para uma sulista conservadora e chata, sorri e, pela milésima vez, disse: “Não, obrigada”.

.

CENTRO E RECIFE ANTIGO

A nossa Thalita foi pra Recife concorrer num festival de cinema com seu documentário “Absolutamente Anselmo”, neste texto ela nos conta um pouco sobre a cidade


pub. dia 16/12/2008 por
Thalita Ubauba_thali@yahoo.com.br

Eu já viajei bastante pelo mundo. Geralmente sozinha. Já esperei ônibus de madrugada em Los Angeles, andei de metrô depois de meia-noite em Paris, perambulei pelo Harlem (bairro negro de Nova Iorque) sob a luz da lua, passei a noite na estação de trem em Viena e atravessei a Crackolândia em São Paulo. Já fiz minhas peripécias por muitos cantos e confesso que nunca senti tanto medo quanto no centro de Recife.

Após ter conhecido o marco zero de Recife (de onde se avista uma escultura que Brennand fez em homenagem aos 500 anos do Brasil – e que é o monumento mais fálico que eu já vi na minha vida) e passeado por Olinda, resolvi gastar meu tempo conhecendo alguns dos pontos turísticos famosos no centro da cidade como a Casa de Cultura, a Capela Dourada, o Mercado São José e a sede do governo do estado.

Desembarquei na Casa de Cultura – uma antiga prisão transformada em uma espécie de mercado municipal em que as lojas funcionam dentro das antigas celas – e me pus a procurar presentes pra família e amigos. Após o momento consumista, informei-me sobre como chegar à sede do governo pernambucano e ao Mercado São José e comecei a andar.

A cada metro andado, apressava o passo. Além dos inúmeros olhares que me despiam por onde eu passava, começou a incomodar-me a insistência de vendedores de camelôs e de mendigos à procura de esmola. Não bastassem as pessoas, as ruas são demasiado sujas, o que me passava a sensação de estar andando em terreno perigoso e impuro. Não consegui entrar na Capela Dourada por conta das dezenas de moradores de rua que se aglomeravam na entrada (cerca de 30, 40 pessoas), pedindo moedas e lançando olhares ameaçadores à minha pobre Sony Cybershot. Quando finalmente cheguei ao Mercado São José, estava tão enojada e amedrontada que sequer aproveitei o mercado. Dei uma única volta e logo saí, praticamente correndo.

Ao perguntar sobre o ponto de ônibus mais próximo, uma vendedora me respondeu que era mais seguro andar um pouco mais e pegar o ônibus em um local menos perigoso. Eu (muito macho), que queria assistir a Ixpórti e Coxa na Ilha do Retiro, desisti rapidinho. Prometi a mim mesma que nunca mais voltaria àquele lugar horroroso e voltei à Boa Viagem.



Contudo, dia em que encontrei um amigo pernambucano que me apresentaria a “night” recifense, ele fez questão de dar umas voltas extras de carro para me provar que o centro não era tão horrível assim (apesar de ele concordar que as pessoas são realmente assustadoras). E de fato, Recife à noite é, além de menos assustadora, muito mais bonita (o que embasa minha teoria de que o que estraga o Recife são as pessoas e não a cidade em si – visto que também são as pessoas que sujam as ruas). Apesar de ainda decepcionada, fiquei um pouco menos desgostosa com o centro.

De lá seguimos para o Bairro do Recife, também conhecido como Recife Antigo, onde se localizam muitas construções históricas, como a sinagoga Kahal Zur Israe, a primeira das Américas. É também lá que ocorre o melhor do carnaval recifense, mais tranqüilo que o de Olinda, onde trios elétricos são proibidos e a festa é comandada por blocos carnavalescos e manifestações culturais. Recife Antigo é muito bacana, com seu ar boêmio e suas dezenas de bares. Confesso que só não senti medo porque estava acompanhada de um “nativo”, pois a quantidade de flanelinhas supera o Largo da Ordem, com a diferença de que em Recife eles são muito mais falantes – logo, ao menos na minha concepção, mais assustadores. Mas o bairro é, no geral, extremamente agradável e os bares, muito bons.

Relembrando tudo que vivenciei, aconselho que ninguém visite o centro desacompanhado (especialmente se for mulher) e que dê um passeio pela cidade à noite, que é quando a tal “Veneza brasileira” parece surgir. A Casa de Cultura vale a pena tanto pra conhecer quanto pra fazer aquelas compras básicas de turista. Recife Antigo é imperdível à noite e, se possível, arrume um “guia” local pra fazer tudo isso com você. É o mais prudente.

.