BRAZILIAN MAYDAY

pub. dia 08/09/2008 por Thalita Uba - uba_thali@yahoo.com.br

Cidade de Nova Iorque, sete de setembro de 2008. Quatro dias antes de o mundo relembrar a tragédia ocorrida em 2001, é dia do tio Sam celebrar uma outra lástima: o Brazilian Day. É dia de comemorar o fato de que milhares de brasileiros infelizes com suas condições de vida medíocres tiveram de se mudar para os Estados Unidos da América, o país onde o sonho ainda não acabou.

“25 quarteirões tomados pelos brasileiros!”, brada Fernanda Lima, hostess da festa. “Hoje é dia de o mundo redescobrir o Brasil”, completa. Bacana. Dia de mostrar pra todo mundo que por falta de emprego, salários baixos e outros problemas que prefiro nem citar, milhares de cidadãos brasileiros preferiram deixar seu país. Dia de a humanidade perceber que é, realmente, preciso se precaver. 25 quarteirões de brasileiros? Eu é que não vou querer isso no meu país!

A festa começa com um funk animado. Logo depois, Lulu Santos sobe ao palco, pra cantar todas aquelas músicas que tocavam na rádio em meados dos anos 90 e de que ele próprio já deve estar enjoado. Ah, mas os 25 quarteirões adoram! Penso que se Lulu cantasse algo da moda, ninguém conheceria. Afinal, já faz tanto tempo que os brasileiros procuram uma vida melhor no hemisfério oposto que devem estar alienados com relação aos novos sucessos musicais da nação verde e amarela. Não que eles tenham melhorado muito, mas alguns devem ter realmente estranhado, por exemplo, o fato de que o vocalista da Banda Eva é, agora, um homem. “Quando eu morava no Brasil, quem cantava era a Ivete Sangalo”. Hoje, o Luciano Huck (que namorava a Ivete na época) já tem dois filhos com a Angélica (aquela da pinta) e a emigração continua desenfreada. Há quantos anos, já, meu Deus? E eles realmente acham isso bonito?

Ah, mas como é bom ter um gostinho brasileiro em meio a tantos cookies, hamburgers e french fries. Tá com saudades? Volte pro Brasil, oras. Muita feijoada, caipirinha, pagode e futebol. 365 dias por ano! Veja que beleza. E ainda há a maravilhosa oportunidade de ficar antenado no que há de mais popular hoje no país: a dança do quadrado. Não é uma maravilha?

Mas pensa que alguém quer voltar? Voltar pra pobreza, pra corrupção, pro desrespeito, pro famoso “jeitinho brasileiro”? Não, não. Pensando melhor, talvez eles tenham razão. Um dia de Brasil por ano é suficiente.

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