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sexta-feira, 4 de novembro de 2011

FALAS AO ACASO


pub dia 23/10/2011 por JobaTridente - jobatridente@hotmail.com

Dia 16 de outubro eu e Marcos Saboia fomos apresentar o filme CORTEJO no Instituto de Educação do Paraná, aqui em Curitiba. No debate, uma professora questionou a veracidade dos Documentários. Marcos disse que Documentário também é cinema. Ou seja, nem tudo é o que realmente parece ser. Em meio a reconstituição ou não de fatos me peguei falando do que é e do que parece ser em Clarita, o incômodo documentário de Thereza Jessouroun, um dos curtas apresentados no 3º Festival do Paraná de Cinema Brasileiro Latino, que traz a premiada atuação da grande atriz Laura Cardoso. Nele a diretora nos desvela a sua mãe Clarita, portadora da Doença Alzheimer.

Longe de Clarita
Clarita está com Alzheimer. Laura não. Laura não é Clarita. Laura está Clarita. Está mais que Clarita. Clarita está longe, onde não se chega são. Laura quer nos levar onde Clarita está. Mas não alcançamos nem uma e nem a outra. Clarita, perdida em si mesma, não se traduz. Laura interpretando Clarita nos apavora, gela. Laura é a ficção do real. Clarita é real. Em Laura o Alzheimer parece teatro. Em Clarita não.

Clarita, de Thereza Jessouroun, é um filme denso. Tenso. Porém, te alcança, tangencia, mas não toca como devia. Como se espera. Como se deseja. Em Clarita há o real e o que quer parecer real. Mas não é! Provocando no expectador um estranho refluxo sentimental de entrega e afastamento. Por que a ficção nos toca mais que a realidade?

No seu Almanakito, a jornalista Maria do Rosário, que esteve com a cineasta após o debate, diz que: Numa conversa que tivemos depois, Thereza fez críticas ao filme canadense, Longe Dela (Sarah Polley), que eu amo. Disse que o que se vê ali é romantizado perto do que sofre uma pessoa, vítima de Alzheimer. Me deu informações que eu não tinha. Mas, mesmo assim, continuo amando o filme canadense.”

Eu também gostei demais de Longe Dela, de Sarah Polley, e indiquei o filme pra amigos. Longe Dela fala do mesmo assunto, Alzheimer mas retrata os diversos estágios da doença de uma forma mais delicada, sutil, numa outra cadência. Mais ao gosto do expectador? Longe Dela não é o contrário de Clarita, apenas diferente no olhar e no envolvimento das diretoras e no tempo de reflexão oferecido a cada expectador. Enquanto Sarah Polley trabalha com a ficção, baseando-se no conto The Bear Came Over The Mountain, de Alice Munro, Thereza Jessouroun, trabalha com uma história real, na pessoa viva da mãe, dentro da própria casa. Talvez por isso um envolvimento mais emocional e menos distanciado com Clarita

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quarta-feira, 26 de outubro de 2011

JACKSON SARDÁ ESTÁ DE VOLTA

O cara passou não sei quanto tempo em Jerusalém, mas antes de ir pra lá fez o vídeo Transtornos. De volta à Curitiba, Jacks vem pra soltar os bichos:




As imagens são de Eduardo Rohn da eedstudios e Igor. Com elenco reduzido, poucas locações e sem muita frescura: a produção saiu em conta. Pra ser sincero trata-se de um vídeo caseiro mesmo: sem dinheiro, spot de luz nem nada. Pra fazer Transtornos bastou Jackson Sardá sentar no escorregador e trabalhar pra câmera seus vinte e poucos (quase 30) anos de neuroses.

Destaque para a participação especial de Mãozinha (aquele que vem com pílulas filosóficas) e para a edição do Eduardo.

pub. dia 09/10/2008 por Leandro H.
pra contextualizar: Jackson Sardá é jornalista, atleticano e onanista, mora em Curitiba e deve se tornar nosso colaborador

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segunda-feira, 24 de outubro de 2011

PRIMO POBRE

pub. dia 11/09/2008 por Thalita Uba - uba_thali@yahoo.com.br

Vídeos-documentários são marginalizados no mundo cinematográfico

Não é de hoje que o gênero documentário é marginalizado pelo público em geral. Enquanto os filmes de ficção – tanto os blockbusters quanto os mais experimentais – logo se tornam assuntos corriqueiros nas rodas de amigos, o vídeo-documentário pouco é lembrado por grande parte da população.

O público, em parte, não se sente atraído pelo gênero. “Quando penso em ‘documentário’, me vem à cabeça algum vídeo educativo, desses que passam pra gente na 7ª série”, confessa o engenheiro civil Jonas Dörr. Segundo ele, filmes de ficção são mais atrativos por apresentarem temas que podem surpreender o público mais facilmente. Para a escritora Franciane Flickinger, a população acredita que cinema é sinônimo de diversão e não de conhecimento: “A maioria das pessoas sequer se interessa por aprender coisas novas, obter informações. Eles só querem pão e circo!”, exclama. Além disso, Franciane crê que grande parte do público acha que não vale a pena gastar dinheiro para assistir a um documentário. “Acho que há um limite alto de pessoas que estão dispostas a pagar para ver um filme do gênero”, diz.

Se de um lado o público não possui a cultura de assistir a vídeos-documentários, do outro, as exibidoras de filmes também não colaboram. Hoje, das 67 salas de cinema de Curitiba, apenas uma exibe um documentário (o Cine Luz, tradicionalmente conhecido por exibir filmes diferenciados). Segundo Caroline Weiss, estudante de Publicidade, falta divulgação: “Eu gosto de documentários, mas a gente quase nunca fica sabendo quando tem um em cartaz. Às vezes, nem nos sites que têm as programações dos cinemas se acha”, reclama. De acordo com o jornalista e estudante de cinema Carlos Debiasi, o público assiste, sim, a documentários, mas de apenas um tipo e de forma bastante restrita: “É aquele formato televisivo clássico, muito semelhante ao jornalismo, que de tanto vermos, acabou desgastado”.

A desvalorização do gênero, contudo, começa na própria indústria cinematográfica. Nunca um documentário foi indicado ao Oscar de Melhor Filme. A própria categoria “Melhor Documentário” só foi criada em 1999 (a premiação do Oscar, todavia, se dá desde 1927). Segundo Debiasi, esquece-se que o documentário, muitas vezes, é que dá base para o cinema de ficção: “Notícias de uma Guerra Particular, de João Moreira Salles e Kátia Lund, por exemplo, é o esboço de Tropa de Elite. Os personagens estão lá, tudo está lá. Quando foi documentário, não chegou à sala do brasileiro, mas depois que foi revestido como ficção e colocou-se um capitão Nascimento, chegou”.

Apesar de tudo, há diversos cineastas que apostam no gênero. O internacionalmente conhecido Michael Moore fez história ao ganhar a Palma de Ouro no Festival de Cannes de 2004 com Farenheit 11/09. No Brasil, muitos diretores de renome iniciaram suas carreiras produzindo documentários, como é o caso de Fernando Meirelles e Jorge Furtado. Além disso, o documentário é um gênero recorrente nas novelas e telejornais nacionais, que se apóiam em suas bases e princípios para construírem suas próprias narrativas. “O documentário é um gênero clandestino que está por detrás dos cenários das novelas, por debaixo da bancada dos jornais brasileiros. Fica lá. E, de vez em quando, vem pra luz nacional e suscita alguma discussão. Um dia, quem sabe, teremos o prazer de ver essa ponte clandestina exibida para todos na Tela Quente ”, completa Debiasi.

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quinta-feira, 29 de setembro de 2011

GRAMADO CINE VÍDEO – O PRESTÍGIO DO CINEMA INDEPENDENTE

pub. dia 20/08/2008 por Thalita Uba - uba_thali@yahoo.com.br

Um tanto à parte do badalado Festival de Gramado, o Gramado Cine Vídeo vingou, em 2008, como o maior evento de audiovisual independente e universitário do país. Foram 1260 trabalhos inscritos, dos quais 123 – de 16 estados diferentes – foram classificados e exibidos na Mostra Competitiva.

Mesmo sem poder contar com toda pompa que ronda a Mostra Principal do Festival de Gramado, o Gramado Cine Vídeo contou com um grande número de espectadores, que puderam prestigiar as novas caras do futuro do cinema e da televisão brasileiros. Para a carioca Celina Schimdt, uma das vencedoras de Melhor Reportagem da categoria TVs Universitárias Brasileiras, essa visibilidade confere prestígio a quem concorre no festival: “É bom poder mostrar o seu trabalho a pessoas realmente interessadas no que você faz, é um grande incentivo”, diz.

Contudo, o Cine Vídeo ainda é visivelmente discriminado em Gramado. Enquanto todo luxo e bons-tratos
ficam reservados aos participantes da mostra principal, os vencedores do Galgo de Ouro (prêmio máximo do Cine Vídeo, correspondente ao Kikito da Mostra Principal) sequer puderam assistir às exibições da mostra principal sem precisar pagar ingresso. “Quem participa do Festival mesmo, ganha passagem, hospedagem e essas coisas todas. Já quem aposta na produção independente e participa do Cine Vídeo tem que arcar com todas as despesas. Além disso, se não correr atrás, é capaz de nem receber crachá!”, desabafa o produtor Laudimir Vieira, de Belo Horizonte.



Apesar de tudo, pôde-se conferir diversos filmes de muita qualidade não apenas técnica, mas também artística nos cinco dias em que foram exibidos os finalistas do Cine Vídeo. A novidade de 2008 foi a implantação de uma nova categoria: filmes de celular – vencida por Leila Dias, de Palmas, Tocantins. “É muito emocionante ganhar nessa categoria logo em seu ano de estréia!”, exclama.

O júri que definiu os 36 vencedores da competição foi composto pelo diretor Marcelo Lafitte, a atriz Via Negromonte, o diretor Carlos Mossy, o ator Eduardo Daskar, a atriz Lu Grimaldi, a produtora executiva Daniela Menegoto, a produtora Graziela Ferst, o jornalista Adriano Ely, a diretora e produtora Flávia Seligman e o diretor de arte Eduardo Antunes. A lista com os premiados pode ser encontrada no site do Gramado Cine Vídeo
 

terça-feira, 6 de setembro de 2011

BOCA A BOCA DE LIXO

Não há cidade que não enfrente hoje sérios problemas com o destino do lixo que produz. Em Curitiba, por exemplo, ainda ninguém sabe para onde irão os seus detritos quando a vida útil do Aterro da Caximba se esgotar. O que acontecerá em breve. Mas o texto que vocês lêem a seguir não é bem sobre isso. É uma singela apreciação crítica do Jornal TiraGosto sobre o documentário Boca de Lixo (1993) de Eduardo Coutinho



por Leandro Hammerschmidt, pub. dia 03/07/2008

O estilo do diretor Eduardo Coutinho lembra o do repórter Goulart de Andrade. Sua voz calma, o jeito de ganhar as pessoas pro seu filme. Essa voz curtida, o vento e a música do lixo causam, em mim pelo menos, a deliciosa sensação de frescor. Faço a ressalva porque muita gente pode achar o lixão um lugar deplorável. Mas visto aqui na TV parece um lugar bem interessante: muita informação e muito extrato humano
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A fotografia e as imagens do Boca de Lixo são bem mais simples do que o documentário Estamira de Marcos Prado - que já ganhou 23 prêmios e foi considerado “Excelente” pela crítica do jornal The New York Times. Isso não quer dizer que um é melhor do que o outro. Pensei e me diverti muito assistindo Estamira, Boca do Lixo e também Ilha das Flores, do Jorge Furtado. Só quanto ao Estamira, poderia ser mais curto (dava pra editar).

Cito esses três porque ambos têm um lixão como cenário. E falo mais sobre os dois primeiros porque eles se usam dos “trágicos”: a Estamira é esquizofrênica e o Boca de Lixo usa as crianças, os “amantes” que tem seis, sete filhos, a nega véia, o Papai-Noel. Gosto muito da estética do Eduardo Coutinho, acho muito bonito filmar um aparelho de televisão.

Porém no “Boca” o que mais gosto é a música do Roberto Carlos (um profeta) tocada em pagode pelo Agepê, gosto muito da menina que canta sentido filha da nega velha. Também gosto um pouco do vendaval do Estamira, daqueles cenários de fogo que lembram os clipes do Iron Maiden, das cenas em P&B, dos urubus, do mar agitado, das profecias e revelações da Estamira. E dos trocadiuulos também.

Sobre o tema não é chocante não. Pra mim vale muito a linguagem, a coisa pronta, mais do que a grande idéia batida de usar loucos, miseráveis, profetas embriagados, poetas, putas, bandidos, desvalidos: todos aqueles do o que será. Entendo que usar essa gente vem na linha de um costume lusitano de olhar entranhas de gente, na Grécia era de bicho, pra se fazer previsões. Mas pra isso não é qualquer um que serve. Pra fazer uma previsão certeira é preciso olhar as entranhas daqueles que mais amam. Prestem atenção nisso!

Para os documentários em especial: olhar essa gente tanto serve pra fazer prognóstico quanto pra fazer um bom vídeo e ganhar 23 prêmios – sem crises.