terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

UM CARNAVAL DIFERENTE


pub. dia 27/02/2009  por Águia Galáctica ou Leandro Hammerschmidt

A vista é linda do alto de uma montanha em Balsa Nova, início do segundo planalto do meu Paraná. “Daqui dá pra ver bem a babilônia” garante Cachorro Rítmico – um dos rapazes de 20 e poucos anos que fugiu de Curitiba pra se dedicar a plantar, entoar músicas de paz e se abraçar em torno da fogueira. Isso tudo em pleno carnaval, Cachorro Rítmico e um monte de gente reunida no Encontro Consciência Planetária, em São Luiz do Purunã, pra aprender, trocar, reunir e aplicar tecnologias (antigas até), mas que são bem capazes de solucionar problemas ambientais como: a poluição da água, a má utilização dos recursos naturais e a destruição de florestas.

Sem medo de dizer, Terra Galáctica, um estudante de agronomia também conhecido como Fábio Nunes, afirma que ali eles estão na vanguarda. Porque aquela prática de vida sustentável (pra usar uma palavra da moda), ou seja, usar recursos naturais sem esgotá-los “é o que há!”.

Calcule comigo quantos litros de água jogamos fora numa simples descarga? Oito ou dez litros pra se livrar do que o pessoal da agroecologia* chama de o “verdadeiro ouro negro”. Sendo que, com um simples banheiro seco podemos compostar (isso mesmo, compostar nossas fezes) e aproveitá-la como adubo. E acredite: um adubo sem cheiro, pois o composto fica num recipiente que toma sol o dia todo pra alcançar altas temperaturas - eliminando cheiros e esterilizando a matéria.

Mas sinceramente, também não sou daqueles que se sentiria bem comendo um tomate adubado com compostos de um banheiro seco. Afinal merda é merda. Mas nem é este o caso. O “x” da questão é “preservar água primeiro, e, se puder aproveitar o composto depois, que seja”. Pois com tantos problemas ambientais, os pobres do mundo correndo risco de sofrer (em breve) cada vez mais com a falta de água (é bom lembrar que não existe substituto para água; diferente do petróleo, que se acabar “tudo bem”, afinal tem outras fontes de energia). Mas água não, água é fundamental pra saúde, pra agricultura, pra vida. “Não duramos duas semanas sem água”. Então, é óbvio que não estamos em condições de jogar dez litros de água por descarga – seja por nojinho, fecofobia, ou por questões econômicas e estéticas na construção. Não temos deveríamos desperdiçar, mas é o acontece na sua, na minha, na nossa casa – todos os dias.

Mesmo assim, concordamos que já passa a hora de buscar e aplicar soluções como o banheiro seco. Mas a ideia é aplicar a alternativa em grande escala. O duro seria convencer minha mãe a fazer um banheiro destes aqui em casa. Pensando bem, mais duro que convencer minha mãe seria convencer grandes empresas & grandes negócios a largar os lucros que tem com o vigente sistema de esgoto, encanamentos, acessórios etc e tal.

Pra você ter ideia ano passado começamos a fazer um banheiro em casa, com canos de cobre pra água aquecida a gás; ainda nem finalizamos o banheiro e já se foram cinco paus. Acredite se quiser! Segundo minha mama “banheiro é 50% da casa”. Então, por isso também você percebe que o buraco é mais embaixo.

Que é muito dinheiro rolando. Sem contar que “a inércia é a força mais poderosa do comportamento humano”. E não tem como dizer que cuidar de um banheiro seco seja mais fácil que apertar um botão e desaparecer com a merda. Mas quem sabe um dia… quando a água bater na bunda. Pra essa hora a tecnologia está aí. Mas pra acontecer em grande escala precisamos de uma mudança de pensamento e/ou de um empurrãozinho dos legisladores, dos prefeitos, presidentes, síndicos, moradores; sei lá de quem, de repente da gente mesmo.

Confesso que acharia bom se algumas coisas fossem leis. Tipo assim: você é obrigado (sob pena de multa, claro) a separar lixo, você é obrigado a tratar seu esgoto, você é obrigado a compostar lixo orgânico (cascas, frutas) em seu quintal, você é obrigado a captar água da chuva. Também poderíamos economizar dinheiro abrindo mão de embalagens; usando o transporte público (desde que eficiente e barato). Começo a pensar nas leis e sinto que mora um ditador em mim!

Se não é possível legislar, não esqueça que podemos usar meios pra insuflar mudanças. E, assim acontece com a palavra sustentabilidade que chega como um modismo e vai sendo incorporado. Parece que todo mundo está abraçado pela causa, grandes grupos que destroem a natureza de um lado e dão migalhas de ajuda, junto com ONG´s, estudantes e cidadãos de bem. “Agora todo intervalo comercial da rede Globo tem alguma coisa sobre a preservação do meio ambiente”, garante Antonia Rother, estudante de Bio Medicina. E, seja por consciência ou puro marketing, não importa, “podemos tirar proveito disso”.


Procurei ali mesmo no alto da montanha, perto do Cristo Redentor de São Luiz do Purunã, João Paulo “Jopa”, um permacultor especialista em Bio-construções, pra me explicar sobre o assunto e descobri que a pesquisa na área vai a todo vapor. Por exemplo, quem é o homem mais rico da China hoje? Um cara que negocia sistemas pra captação da energia solar. Detalhe, o aparelho do chinês custa um décimo do que custaria na Europa. Como diria um sábio cobrador do São Braz “a percisão (sic) é que faz o sapo pular”. E o negócio é por aí mesmo, a China cresce rápido e precisa de muita energia pra crescer. Assim, os interesses e esforços também se voltam pra estas alternativas.

Já combinamos e o Jopa, permacultor especialista em Bio-construções, vai trazer detalhes deste assunto pro leitor do TiraGosto. Guenta aí!

*Agroecologia é uma “filosofia de vida”, também conhecida como a agricultura orgânica, um conceito que se contrapõe ao agronegócio, a utilização de insumos químicos, a degradação do meio ambiente e do homem em si

>>>

Um comentário:

  1. Celina Says:

    março 1st, 2009 at 4:19 pm

    Também concordo que é necessário existir penalidade com multa para obrigar as pessoas separem o lixo nas residências, empresas e etc…

    Infelizmente, para muitas pessoas no Brasil as coisas só ficam sérias quando afetam o bolso.
    Parabéns, por pautar questões ambientais.

    Abraço

    ---

    leandro Says:

    março 3rd, 2009 at 8:49 pm

    abraço Celina
    e
    vamos fazer aquele podcast de cinema né!

    .

    ResponderExcluir