terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

REAÇÃO EM CADELA (segunda parte)

Ele estava gostando da conquista, de fincar a bandeira. “Imperialista!”, insultei em silêncio. O progresso se esconde aqui, bem dentro do meu cu. Esse mesmo cu que todo mundo come, mastiga e esnoba. Esse mesmo cu que é lugar do início da metástase. Um cu promíscuo e elástico. Quente e molhado. Um cu interrompido, cheio de angústia e júbilo. Cu feito de pão. Um cu Naïf. Um cu De Stijl. Um cu Dadá. Esse cuzinho aqui, que se acomoda em torno da tua vara. O mesmo cu que olhava para aquele pau, preto e duro, caminhando em sua direção. Talvez fazendo imperceptível esgar de racismo cotidiano. Enfim, um cu nazista. Pensava que depois precisaria se lavar.

Me fode em inglês, eu disse.

Entrou, devagar, raspando pelas paredes, rasgando. Uma amiga me disse que o primo lhe havia contado que buceta de nêga parece que tem uma lixa dentro, e que buceta de polaca é aguada. “Fuja loca!”, me ocorreu. Pensar nisso agora é simples sintaxe estética: somos todos secretamente iconoclastas. Quando um construtor de software introduz uma soft bomb no programa, usando sua destruição como meio de pressão, não está tomando o programa e todas as suas operações como reféns?

Especulei sobre o mal. Ficção-científica? Nem tanto. Não sou contra violência gratuita de vez em quando. Procedimentos cirúrgicos desfigurantes. O contágio do terrorismo acontece através do amor.

— Não sinto amor em minha medula.

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Um comentário:

  1. Léo Glück Says:

    fevereiro 17th, 2009 at 4:48 pm

    ‘Nossa amiga’ é ótimo!!!

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