terça-feira, 6 de setembro de 2011

BOCA A BOCA DE LIXO

Não há cidade que não enfrente hoje sérios problemas com o destino do lixo que produz. Em Curitiba, por exemplo, ainda ninguém sabe para onde irão os seus detritos quando a vida útil do Aterro da Caximba se esgotar. O que acontecerá em breve. Mas o texto que vocês lêem a seguir não é bem sobre isso. É uma singela apreciação crítica do Jornal TiraGosto sobre o documentário Boca de Lixo (1993) de Eduardo Coutinho



por Leandro Hammerschmidt, pub. dia 03/07/2008

O estilo do diretor Eduardo Coutinho lembra o do repórter Goulart de Andrade. Sua voz calma, o jeito de ganhar as pessoas pro seu filme. Essa voz curtida, o vento e a música do lixo causam, em mim pelo menos, a deliciosa sensação de frescor. Faço a ressalva porque muita gente pode achar o lixão um lugar deplorável. Mas visto aqui na TV parece um lugar bem interessante: muita informação e muito extrato humano
.
A fotografia e as imagens do Boca de Lixo são bem mais simples do que o documentário Estamira de Marcos Prado - que já ganhou 23 prêmios e foi considerado “Excelente” pela crítica do jornal The New York Times. Isso não quer dizer que um é melhor do que o outro. Pensei e me diverti muito assistindo Estamira, Boca do Lixo e também Ilha das Flores, do Jorge Furtado. Só quanto ao Estamira, poderia ser mais curto (dava pra editar).

Cito esses três porque ambos têm um lixão como cenário. E falo mais sobre os dois primeiros porque eles se usam dos “trágicos”: a Estamira é esquizofrênica e o Boca de Lixo usa as crianças, os “amantes” que tem seis, sete filhos, a nega véia, o Papai-Noel. Gosto muito da estética do Eduardo Coutinho, acho muito bonito filmar um aparelho de televisão.

Porém no “Boca” o que mais gosto é a música do Roberto Carlos (um profeta) tocada em pagode pelo Agepê, gosto muito da menina que canta sentido filha da nega velha. Também gosto um pouco do vendaval do Estamira, daqueles cenários de fogo que lembram os clipes do Iron Maiden, das cenas em P&B, dos urubus, do mar agitado, das profecias e revelações da Estamira. E dos trocadiuulos também.

Sobre o tema não é chocante não. Pra mim vale muito a linguagem, a coisa pronta, mais do que a grande idéia batida de usar loucos, miseráveis, profetas embriagados, poetas, putas, bandidos, desvalidos: todos aqueles do o que será. Entendo que usar essa gente vem na linha de um costume lusitano de olhar entranhas de gente, na Grécia era de bicho, pra se fazer previsões. Mas pra isso não é qualquer um que serve. Pra fazer uma previsão certeira é preciso olhar as entranhas daqueles que mais amam. Prestem atenção nisso!

Para os documentários em especial: olhar essa gente tanto serve pra fazer prognóstico quanto pra fazer um bom vídeo e ganhar 23 prêmios – sem crises.

Um comentário:

  1. Celso Ramos Says:
    maio 17th, 2010 at 11:27 am

    O lixo humano que que o kraque (maudita pedra) deicha suas vitimas, um olhar sem alma, sem carater humano faz inumeras vitimas no centro de curitiba, as ruas não deveriam ser lugar de habitação, mas como se diz moradores de rua fazem vitimas de violentas agreções e mortes, apos as dez da noite para satisfazer seu vicio maldito, uma colega escutou do quarto andar alguem batendo a cabeça de alguem na calçada para tirar-lhe quem sabe alguns trocados e na praça Ozório os miches em bandos, ameaçam tranziuntes noturnos como diz o jornalista, uma vergonha a segurança publica da capital.

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