quinta-feira, 29 de setembro de 2011

GRAMADO PECULIAR

Nem só de cinema, fondue e chocolate vive a charmosa Gramado
pub. dia 18/08/2008 por Thalita Uba - uba_thali@yahoo.com.br

É claro que o Festival é importante e o chocolate, inegavelmente saboroso. Contudo, a parte mais prazerosa de se visitar Gramado é justamente a que passa despercebida pelos fervorosos turistas (loucos, em sua maioria, por tirar uma foto do “pai da protagonista da novela” – cujo nome – mesmo tendo ele mais anos de carreira que a moça tem de vida – ninguém lembra – e por dar a seus altos índices de colesterol um belo motivo para comemorar): os detalhes.
Logo que cheguei à cidade, tive minha atenção atraída para as belas placas que indicam os nomes das ruas. “São novas”, explica, cheia de orgulho, a proprietária da pousada onde me hospedo. Trata-se de belos trabalhos em madeira, visivelmente artesanais, uma graça. Intriga-me o fato de todas as placas apresentarem desenhos de hortênsias, já que apenas uma rua se chama “Avenida das Hortênsias”.


Na Rua Borges de Medeiros, há um relógio que sempre marca a hora certa quando são 9h. É um relógio animado. Fico pensando se funciona com pilhas ou se é ligado na tomada. Na certa, deve ser movido à energia nuclear. Na mesma rua, encontram-se diversos “termo-relógios”, que, além de – esses sim – marcarem a hora certa, possuem termômetros cujas marcas, segundo os moradores locais, raramente ultrapassam os 20°C. A maior parte dos turistas, porém, prefere utilizá-los como bancos de praça. O que é perfeitamente compreensível, afinal, se se quer saber a hora certa, é muito mais fácil passar na frente do relógio animado – aquele, movido à energia nuclear – às 9h.
Não muito longe dali, encontra-se discreta, quase escondida, a fábrica de bengalas. De todos os modelos, tamanhos e cores. “Do gostinho do cliente”, segundo o proprietário. Imagino que Papai Noel deva ser cliente assíduo, visto que não mora muito longe dali. “Mas ainda é agosto e a aldeia do Papai Noel já está aberta?”, revolto-me. Acabo descobrindo que ela nunca fecha. Nem quando o bom velhinho vai passar o verão em Florianópolis. Imagino Papai Noel entregando o Kikito de Melhor Diretor. Aposto que Tim Burton acharia divertido.

Aposto também que Tim Burton acharia uma ótima dar vida a todos os bonecos enormes que posam de chamariz nas portas de bares e restaurantes. Os que mais gostei foram os que vi na porta de uma pastelaria: três moças de atributos excessivamente avantajados, que tinham não somente uma mesa só para elas, mas também taças repletas de vinho e uma bela porção de mini-pastéis, que – fiz questão de checar – eram de verdade. Vida boa, a desses bonecos de porta de bar.

Agradou-me também constatar que aquele papo de que gaúchos são grossos e estúpidos é balela. Ao menos em Gramado. O lugar onde as pessoas param o carro pra você atravessar a rua. “Mãe, parei o trânsito em Gramado”. E agradou-me mais ainda o fato de que o café da manhã, ao menos na maior parte das pousadas e hotéis, é servido até às 11h. Formidável! Achei que em nenhum lugar do mundo os hoteleiros gostassem de acordar tarde.

Por fim, irritou-me o fato de que, mesmo com a ode desmedida aos carboidratos e gorduras saturadas e cafés da manhã que se estendem até quase a hora do almoço, é difícil encontrar gramadenses obesos. Penso que eles devem ter algo diferente no metabolismo. Células especiais prisioneiras de lipídios. Ou vai ver são de outro mundo. Em se tratando de Gramado, eu realmente não duvido.

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