sexta-feira, 18 de maio de 2012

BIO DEMENTIA VAMPIRIA



Um drink no inferno.
E o garçom é meu amigo. Em cima do balcão uma ruiva branquinha dançando. Alerto um cara: “Olha bicho, cuidado que essa mina dá chute”. E ele me responde “eu sei” mostrando o beiço cortado

pub.dia 28/08/2009 por Leandro Hammerschmidt


Confesso que aceitei desconfiado o convite do Carlos Zava pra ir ao Opera 1 curtir o festival Bio Dementia Vampiria - de música gótica. Primeiro, porque não sou muito fã deste estilo de música, de vida, de arquitetura, sei lá que diabo. Nada contra, nada mesmo, mas, na verdade, nunca soube ao certo o significado de ser “gótico”. Era uma criança quando assisti “De Corpo e Alma” e me lembro do gótico Reginaldo, interpretado por Eri Jonhson – mas calculo que aquilo seja mais um estereótipo de novela da Gloria Perez. Só que não desprezo estereótipos. Eles servem pra facilitar nossa “compreensão” das coisas. Além do que, como diz o Michael Jackson “a mentira vira verdade”, e nem é questão de repetir. A coisa é gostosa e vai se fazendo. Enfim.

Fui ao Bio Dementia cheio de velhas ideias e levei minha irmã Sabrina (como fotógrafa), e meu camarada Sandro Sal (pra beber mesmo). Na escada do Opera encontramos um monte de gente branca e maquiada. Fiquei enciumado com a receptividade das moças para com a minha irmã. Nada comigo.

Na programação do Bio Dementia Vampiria anunciava pirofagia, concurso de fantasia (melhor vampiro, melhor vítima) e boa música. E, realmente, a banda Nahtaivel é surpreendente: o cara de coringa toca um dark electro sinistro e o guitarrista é um negão fudido. O que deu a entender a principal atração do festival era a banda Encarmation, uma cover de The Sisters of Mercy e a terceira banda era Scarlet Leaves.



Sinceramente me lembro só da primeira porque estava sumido no show da segunda e fiz uma “saída de emergência” antes da última.


Dark Roon

Estou solteiro e dei um perdido na minha turma pra conferir o quarto escuro e, olha, fiquei satisfeito, muito satisfeito! Além de ter cerveja à preço razoável (pra balada), no Opera 1 dá mais mulher que homem. Uhul. E dei sorte aquele dia.

As coisas iam tão bem que já não me agüentava mais de esperar o momento em que as portas seriam trancadas e as moças virariam vampiras e o DJ anunciaria no microfone a nossa morte, ou pior, às portas trancadas e de repente o uivo horripilante do lobisomem americano em Curitiba. Qualquer coisa de cinema. Mas não, claro que não, né! No máximo o Zé Pilintra estava solto na balada. Mas ninguém virou lobisomem. Pelo menos, na minha frente. Talvez lá no Dark Roon. Oh, yeah, lá no Opera tem um quarto escuro cheio de vampiras lésbicas!


Ar fresco e ventos do passado

Saí pra tomar um ar no largo da ordem, pensando em voltar. No passeio encontrei um povo “gótico” ali nas escadarias - perto das ruínas da São Francisco - no lugar onde está enterrada a cabeça da cobra-verde que destrói o chão e os muros da cidade -, é lá mesmo onde a rapaziada joga peteca e toma vinho.

Subi as escadas, dei uma olhada e senti saudade da adolescência: quando gostava e freqüentava muito o largo da ordem. Quando ia direto ao Bills Bar curtir um cover. Encontrava o Feijão, o Farofa, o Fedor, Gnomo, Kolb e toda a turma do Colégio Estadual do Paraná – bom tempo. Quem viveu sabe que no Bills todos os dias a gente podia ouvir Paranoid, dar uns gritos e conhecer gente esquisita. E foi nesse lugar que tive contato com algumas pessoas que reconheci como góticos.

Naquela época, adolescente, não “fui pras cabeças”, e pior, fui bem cusão até, ao recusar o convite da minha primeira mulher pra tomar um vinho com eles no cemitério municipal. E ler poesia, será?
Gosto de vinho, viro uma “borsa” quando tomo muito, mas não curto lenga lenga: rituais, poesia, grupos. Mas nem sabia que o negócio era quente. Senão até teria me infiltrado antes.

O que é ser gótico?

Existe um site que explica em poucas palavras
o que é ser gótico. Como não tinha a referência e nem resposta para “o que é ser gótico?” Procurei resposta na fila da cerveja: perguntei a um cara, mais ou menos da minha idade, 26, se existe um grupo de góticos, uma seita, uma confraria, sei lá que diabos, aqui em Curitiba? E ele foi taxativo ao dizer que não! Garantiu-me que o que existe hoje é um estilo, um estilo de rock.

Como estava me dando bem com as originais e já sem força de vontade pra apurar as informações. Resolvi dar por encerrada minha pesquisa jornalística e passei a curtir a festa e fotografar as beldades que dançavam em cima do balcão. Fotografei ao melhor maior estilo “uau, domingo legal”, mas é claro que não vou publicá-las - vai saber a idade das vampiras.


A festa estava do caralho

E só acabou quando quis dar uma de Terry Richardson e fotografar o quarto escuro. Turma, na real, só bati um flash pra alumiar a festa, ser a lâmpada da orgia. Porra, sou da muka! Mas não colou, levei um esporro daqueles. E fiquei quieto, no máximo rindo, porque sei que fui moleque, mas… Deixe baixo. Como estava (tarde), sem alho, sem razão, cozido e ainda em minoria, achei melhor sair da festa batido e evitar derramamento de sangue tipo A+.

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Um comentário:

  1. Franco Says:
    agosto 27th, 2009 at 12:05 pm

    Foguetório na web.
    Para o delírio dos leitores, mais um golaço do Leandro, camisa 10 do jornalismo brasileiro.

    Um abraço, cara!

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    leandro Says:
    agosto 27th, 2009 at 9:23 pm

    pô Franco, valeu! vc é gentil bicho

    abraçãooo

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    Garbln Says:
    agosto 29th, 2009 at 11:32 am

    Nosso camisa 10 sabe como contar uma história de modo cativante.

    Esperamos por mais reportagens suas no JTG!

    Abraço!

    ps. manda pro meu email as fotos proibidas. hahaha.

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    leandro Says:
    agosto 29th, 2009 at 12:35 pm

    claro Garbin

    junto com as do Ditão pé-de-mesa, rs

    cara, q bosta, aquele vez q vc veio pra cidade eu viajei, mas quando vc vem pra cá bicho?

    chegou aqui já me dê um toque pra gente tomar nosso vinho social!

    abração pra vc e manda um pro Wellington tb!

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    poser Says:
    outubro 19th, 2009 at 8:02 pm

    “pirigóticas no baile funk do mal”
    http://noticias.uol.com.br/cotidiano/2009/10/17/ult5772u5675.jhtm

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