sexta-feira, 18 de maio de 2012

SPIRIT, DE FRANK MILLER



pub. dia 16/03/2009 por Gladson Fabian - fabianjournalsociety@yahoo.com.br

Contrariando as expectativas sobre o filme do adorado personagem de Will Eisner, o filme Spirit ficou dentro do que podemos esperar de um personagem sem pretensões, criado pelo genial escritor e desenhista norte-americano, criador da moderna forma de contar histórias em quadrinhos.

Para aqueles que esperam uma narrativa gráfica no mesmo alto padrão que Eisner, podem se decepcionar com o roteiro de Frank Miller, afeito a narrativas secas e diretas, bem ao estilo realizado por ele em seus trabalhos de Sin City, a cidade do pecado criada para suas histórias policiais estilo “noir”.

Contando com a boa presença de Samuel L. Jackson no papel de Octopus o arqui-inimigo de Spirit, o filme conta com um roteiro despretensioso, assim como nas histórias curtas contadas pelo falecido gênio dos quadrinhos em mais de 50 anos de Spirit, e nos apresenta um roteiro quase ingênuo, com belas mulheres e cenas de luta um tanto cômicas, retiradas do velho estilo de fazer heróis nos gibis da década de 1940.

O próprio Eisner há muito tempo abandonou sua criação mais famosa, por saber que ela está fadada a temporalidade, e o filme soa mais como uma homenagem ao seu criador, feito pelo homem que mais entende de quadrinhos e narrativa gráfica na atualidade. Miller nos dá uma amostra de seu talento em cenas e planos que carregam nos contrastes e assinam sua forma de fazer cinema, que soa como arte para alguns e repetitiva para outros.

Spirit é uma produção feita na medida para que adultos e crianças possam assistir lado a lado, pois se os fãs do herói e, principalmente do seu criador, Will Eisner, querem saber como o personagem seria em carne-e-ossos, Frank Miller se mostrou fiel ao seu mestre. E para as crianças, acostumadas a violência na TV e nos games, aqui temos uma versão caricata dessa violência urbana, com arquétipos de heróis, mocinhas e vilões sem nuances de cinza, deixando claro que o filme não pretende ser uma obra-prima para críticos e cinéfilos fãs de Godard, mas duas horas de diversão sem compromisso.

É nisso que residia toda a força do trabalho de Eisner: saber separar a arte feita para iluminar mentes daquela feita apenas para divertir. 

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