terça-feira, 9 de abril de 2013

SEBO ACERVO ALMON APRESENTA: MONGES DA LAPA


Sebo Acervo Almon lança o Projeto Ensaio Aberto e a primeira banda a ser convidada são os "Monges da Lapa", e, neste ensaio aberto de sábado dia 13, quem quiser tocar com a banda é só levar um instrumento.

O ENSAIO ABERTO acontecerá UMA vez por mês em um sábado. No dia acontecerá outros eventos como Bazar, Promoções Especiais ou qualquer outra atividade. O Ensaio será a partir das 14h.

Os primeiros convidados (Monges da Lapa) são uma rapazida de curitiba que surgiu num churrasco de lamentação da morte do Raul Seixas, em 2003, que depois virou uma banda de pagode imaginário paulista (Bico Doce), mas nunca conseguiu cifrar os primeiros sambas feitos no churrasco. E então virou uma banda de rock de nylon mesmo, com pitadas de ladainha cigana, samba punk, canto africano e ajuda espiritual do coral de senhorinhas da catedral e meninos castrati...

O Ensaio Aberto do Monges da Lapa está marcado para sábado (dia 13) a partir das 14h no Sebo Acervo Almon, na Rua Saldanha Marinho, 459, centro de Curitiba/PR. E a entrada é gratuita (claro!).

Todos estão convidados! Confira todas as informações e a moçada bonita que já confirmou presença, aqui na página do evento.

e se vc tem uma banda, o PROJETO ENSAIO ABERTO está com inscrições abertas! Envie o NOME DA BANDA/CANTOR e o ESTILO DE MÚSICA para o e-mail: contato@acervoalmon.com.br  -  lembrando que é necessário trazer os equipamentos/instrumentos (e se pah, os amigos).

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segunda-feira, 8 de abril de 2013

O Jardim de KH

A lagarta lambe os beiços, devorando galhos inteiros de uma trepadeira em flor, enorme, feito uma lanterninha chinesa, prepara seu casulo mágico onde ela vai trocar de roupa. Quando sai do seu armário de folhas, vestida de destaque, surpreende até a si própria, pelo luxo da fantasia, pronta pra desfilar pelas sapucaís da vida, feita rainha de escola de samba.

Sabendo desse mistério, a dona do jardim permite, alegando ser a lagarta uma espécie de podadora dos excessos, os beija-flores riscam os céus do pequeno jardim, as vespas montaram num galho, uma pequena pousada, um trânsito intenso, de seres minúsculos, onde tudo floresce, cresce e apodrece sem pedir licença à Urbes. Até o tico-tico fez seu ninho e criou um chopin, e a sinfonia pidoncha do filhote, entra nas paradas de sucesso como a música mais ouvida naquele território sagrado, onde Deus tricota nossos destinos, é ali no arfar de seu tear, que aprendo a respirar, olhando as mínimas orquídeas, nem por isso menos complexas em seus desaines, luxo de cor e perfume, edificando em nós, uma esperança de vida.

A trepadeira que fornece sapatinhos de judia, judia, sim é de nossa perplexidade, ante o fenômeno, não me aborreço com Deus, é dele a obra prima, penduradinho por um fio ele nos estende a vaidade do mundo num varal que vai além de todos os jardins. O jardinzinho é recheado de suculentas, que desabam do alto do mais remoto sapato velho de salto alto vermelho, tudo é linguagem, e registra a obra do tecelão. Claro que também é um jardim de hortaliças, um pé de couve é emblemático a nos dizer, "que couve" e nos chama à reflexão, eu vou e ao saber tratar-se de couve manteiga, já passo no pão do dia, e saio do jardim, mastigando sem culpa, mas ele não sai de mim, assim são os jardins de KH, você jamais se livra deles e eles se multiplicam variados, sem receita, por dentro de todos nós.

José Hélio Silveira Leite (08/04/2013)

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quarta-feira, 11 de julho de 2012

DÍSTICO DOS NEURÓTICOS

pub dia 22/03/2009 por Rodrigo Choinski 21/11/2007 às 02:23 - alternativistas-1@yahoo.com.br

Parte I

Meu pai quando tinha lá seus trinta anos já alcançara na empresa em que trabalhava um posto de respeito. Seu potencial técnico muito bem explorado o levou rapidamente a essa situação. O resultado disso foi a convivência dele, nesta época, com gente muito rica, desta gente não lembro nem o nome. O que não me sai da memória são os dias de festas, me deixavam na casa de um? amiguinho? rico, penso que era para economizar a babá, mas não sei.

No quarto, lembro muito bem, um longo trilho de trem, fazendas em miniatura, rios, pontes e montanhas, além de vários brinquedos muito vistosos. Eu ficava deslumbrado, mas sabe, na terceira vez eu já odiava aquilo. O motivo era Anderson, o dono da montanha de brinquedos. O garoto era um nojo, se perdia um jogo, chorava, se eu aproveitava para brincar com as raridades em uma escapada enquanto ele se distraía com Ana Cláudia, outra menina que odiava Anderson, vinha me acusando e inventava histórias para a babá.

No primeiro dia ela equilibrava as brigas, depois a coisa mudou, a parcialidade para com Dondom era um desacato, é, esse era o apelido ridículo de Anderson. Eu chorava de raiva. Penso hoje que o garoto reclamara com sua mãe sobre mim, pobre Nívea, a babá, deve ter sido esculachada.

Na quarta e última vez que estive naquela casa, nem olhei na cara do maldito Dondom, resolvi fazer uma traquinagem, esperei uma bobiada da Nívea, entrei e me tranquei no quarto dele. Ah que prazer eu senti em degolar o antipático Blaublau, um urso com cara de sonso, ele sempre ficava do lado do Dondom, toda vez, era certo. Mas minha vingança foi rápida e vociferante, com uma faca que eu roubara da cozinha e trouxera dentro de meu fiel escudeiro Alegre, uma sorridente centopéia de pelúcia, um pouco encardida, de quem jamais me separava, serrei a cabeça do traidor, depois arranquei os olhos e ainda cortei uma perna. É, eu não gostava mesmo do Blaublau.

Para o trem me inspirara no filme a ponte do Rio Kwai, que havia assistido a pouco tempo com meu pai, tudo bem que não havia tempo para detalhes, mas uma pilha de super-homens, batmans, changemans e giraias, todos devidamente esmagados e quebrados com a ajuda da porta do armário, representavam os mortos e feridos. Nem preciso falar do estado do trem, também vítima da pesada porta-prensa.

Os barulhos chamaram a atenção de Nívea e, é claro, Dondom veio ver o que acontecia em seu reino particular. Minha primeira resposta às investidas da babá batendo na porta foi o barulho do vistoso aquário partindo-se em mil pedaços arremessado contra a escrivaninha com tampo de vidro. Esta parte foi a mais traumática do episódio, não porque eu havia me cortado em um pedaço de vidro, o que me custaria um ponto na panturrilha e o fim do prazer no resto do caso, já que me assustara com tanto sangue e não pude conter o choro. O que me fez mal foi causar a morte dos três peixinhos coloridos, sempre imparciais com aquela cara característica dos peixes, os pobres inocentes se debateram e morreram, um em cima da cama encharcada os outros em meio ao caos que eu transformara a escrivaninha.

Foram dois meses com a consciência pesada, sabia o nome de cada um deles, todo dia neste tempo rezei por suas almas, pequenininhas, de peixe de aquário. Eu que não sabia que as grandes batalhas cobram seus mortos, mas mesmo assim me arrependo de ter jogado o aquário, pelos peixes, só por isso, pois o barulho foi a gota d?água para o desespero de Dondom. Nívea já batia com força na porta, mas a mirrada adolescente não tinha força para arrombar, devia ter vindo do interior ou da periferia pois era pequena, tinha, o quê, uns 16, mas aparentava uns 13.

Andersom estava furioso, seu império caíra em mãos bárbaras e não sabia o que acontecia lá dentro, só ouvia o barulho de um furacão, além de choro. Jogou-se então o menino como um aríete contra a porta, e de novo e de novo, mas portas de ricos não cedem facilmente, certamente era de imbuia maciça e com uma boa tranca. Isto me motivou, o sangue dera uma trégua e o susto havia passado. Havia outro alvo óbvio, escalei a prateleira, derrubando tudo no caminho, no alto um lindo aeromodelo e um barco dentro de uma garrafa. Minha experiência com vidro me fez ser bem mais cuidadoso ao arremessar o barco. O aeromodelo joguei em cima da cama, desci. As pancadas na porta não cessavam. Abri a janela, era no quarto andar, estrebuchou-se lá embaixo, digno de um kamikaze, ainda vi o rotweiller cheirar, esnobe, a aeronave destruída.

O caos estava formado e a porta não se abria. Por mera progressão dos fatos abri o guarda-roupa e joguei o que pude para fora. Lá dentro havia um jogo de tintas, era o próximo passo, pintei o que pude. Na parede branca escrevi? Dondom dondoca?, que ele odiava. A raquete de tênis usei para bagunçar o que ainda estava inteiro e no lugar. Por fim joguei pela janela um bonito brasão do Coritiba Futebol Clube, meu pai era Colorado assim como eu, na época.

Ao parar escutei o choro da tímida Ana, não tinha boca para nada, era pouco mais nova que a gente e preferia aceitar as manhas de Dondom a enfrentá-lo. Sempre acabava chorando, quando o abuso se tornava mais intenso. Agora ela chorava por minha causa, devia estar com medo, assustada com tudo aquilo. O choro de Ana amolecera meu coração, mais que os peixinhos, e no fim ela era minha camarada, vítima da mesma situação… não faria mais nada.

A missão parecia cumprida, agora era esperar as conseqüências, juntei Alegre do chão, estava molhado, sujo de sangue e de tinta, quase um veterano de guerra. Esperei por algum tempo sentado no chão, olhando aquilo tudo, era tão horrível e tão bom ao mesmo tempo.

As pancadas cessaram, barulho de fechadura, a porta se abriu, uma chave reserva de certo. Veio a reação. Nívea estancou diante da balburdia estava vermelha de raiva, avançou sobre mim, agarrou-me pelas duas orelhas e me levantou. Abracei Alegre e fechei os olhos. Quando ela me soltou voltei a abrir, ela dava fortes tapas na minha bunda me levando para fora do quarto.

Na porta Dondom estupefato, quando caiu em si avançou sobre mim, eu estava cercado. Ana assistia tudo, com cara de choro, por trás de Anderson. Como tinha as mãos livres me defendi e antes que ele me acertasse mirei no meio da cara dele. Obviamente eu chorava muito, o que não impediu de eu por a cereja no bolo, Dondom estava lavado de sangue que saía de seu nariz.

Apanhei muito da Nívea aquele dia, meus pais e os de Anderson discutiram. Meu pai quis pagar os prejuízos o que não foi aceito. Apanhei mais depois, de meu pai ainda na casa de Dondom, pelo menos não foi na frente dele. Depois fui para o posto de saúde e nunca mais vi Dondom, entre mortos e feridos, foram-se os peixinhos, sobrevivemos eu e Alegre, praticamente intactos. Curti com gosto o longo castigo, sem Atari, nem rua, nem tevê.

Dois meses depois meu pai me levou pescar, depois do terceiro lambari de rabo vermelho, é, igual ao do Dalton, já não tinha tantos remorsos das mortes daquele dia.

Parte II

O que pouca gente prestou atenção aquele dia foram às manchas de sangue na porta, da mão de Anderson, que em seu desespero por medo de perder suas coisas e por sua raiva tentava em vão abrir a porta.

O sangue e as marcas de suas unhas cravadas com ódio na nobre madeira da porta.

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segunda-feira, 21 de maio de 2012

VIENI ALLA NOSTRA FAMIGLIA


o bar Dom MAttoso fica na rua Fernando MOreira, 135,
a rua dos chorões no centro de Curitiba.
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sexta-feira, 18 de maio de 2012

AFORISMOS SEXUAIS

NA CARA DO GOL:
"cú de galega... o pau entra ingual mantega"

REDAÇÃO PUBLICITÁRIA:
"ménage à trois: um cara em cada peito"

CANTIGAS DE MAL DIZER:
"-que vire uma pizza depois!"

ANTI-PROPAGANDA
"gravidez? foda é fralda!"

DOS OUTROS
"É mito afirmar que o homem é uma máquina infalível: - O pênis é apenas um dos mecanismos na interação íntima do casal; uma forma de carinho e comunicação."  dr Calvino C. Fernandes

ROMÂNTICO
"dai a gente enche a cara de vinho, cerveja preta
come uma pizza de tomate seco e vem dormir gordinho"

DA INTERNET
"nossa, como é difícil arranjar mulher nesta sala" 

(05:55:14) pequeña fala para sandersom serio: soy de curitiba ,mas vivo en madrid
(05:57:54) Cu leitado sai da sala...
(06:58:15) RAPAZ SIGILO (reservadamente) fala para Todos: Algum cara ativo e discreto a fim de tc?
(06:00:09) Nádia fala para Todos: Outro pseudo empresário.
(06:01:19) Contém 1 Loira fala para HOMEM NO HOTEL: tudo e vc?

(06:01:34) Maria  fala para Arnaldo: vc e lindo sabiá . e mi deixou cheia de desejo.

(06:02:01) Rigidez Cadavérica fala para Esoterico Curitiba: Este é o novo conceito para escorregar na banana?

(06:02:14) Cowboy fala para Esoterico Curitiba: Saudade daquela época que todas as doenças venéreas se curavam com penicilina

(06:02:17) Leandro 27 fala para Esoterico Curitiba: a prevenção do cowboy é uma mijadinha depois... kkk

(06:02:57) Vaginnas fala para algum militar?: Produtos 99% mais baratos que nas lojas!!! a nova febre da internet: www.leilaonaogora.com

(06:03:57) A VERDADE fala para Todos: ACORDA BRASIL!

(06:04:01) Sinuca Nervosa (reservadamente) fala para Leandro 27: E ai cara, blz
o? tu chegado em sinuca nervosa?

(06:04:11) Olhos Azuis H entra na sala...

(06:04:19) branca fala para Todos: O lacre violado

(06:04:29) Caguei milho entra na sala...

(06:04:47) edivaldo e luzia (reservadamente) fala para Charles, guerreiro: QUERO UM EMPREGO DE CASEIRO PRA TRABALHA NUMA CHACARA

(06:04:55) Chás e Ervas (reservadamente) fala para Todos: Sou Fitoterapeuta e iridóloga especializada nas terapias a seguir: Acupuntura sem Agulhas, Argiloterapia, Cromoterapia, Fisioquântic, DNA (Serpentes da Mãe e do Pai), Fitoterapia, Florais Quânticos, Hidroterapia, Iridologia, Moxabustão, Nosódioterapia, Terapia de Pedras Quentes, Terapia Floral e FTP.

(06:05:05) Mary Lee (reservadamente) fala para Leandro 27: seus lábios são labirintos... churrasquinho irado...

Pitbull cansei, cansei de monte cristo

(06:05:14) Gato Solt discreto fala para Todos: .FETISH INFLAVEIS – num colchao inflavel, colocar o cara na extremidade, enrolar como se fosse um rocambole e eu fosse o recheio do colchao, passando corda em volta, depois inflando co colchao comigo preso ali dentro, usando plug anal. Quando mais inflaveis, mais imóvel eu ficaria, ate eu nao poder movimentar nada do corpo de tao inflado que estaria o colchao. Alguem curte esse tipo de imobilização?,

Pitbull cansei, cansei de monte cristo
(2x)
Era a história de um diretor de TV q recebe autorização pra fazer um filme sobre a morte:

"e assim morremos nós"

durante o filme ele conhece um casal, o homem do casal é doente terminal,

vivem 20 anos casados sem paixão, mas se gostavam e até se davam bem
ele era um tanto frio, mas zelava pela esposa
a morte tem seu lado positivo
a mulher se aproxima mesmo do marido
nos últimos dias de vida
justamente por uma canção q ele solfeja

Pitbull cansei, cansei de monte cristo

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VOLTA, PEDREIRA!




pub. dia 14/05/2009 por Thalita Uba - uba_thali@yahoo.com.br


Ok, o show do Oasis foi legal, o set list foi seguido à risca, os banheiros estavam limpinhos e todo mundo conseguiu ver o show com razoável conforto. Não dá, realmente, pra reclamar da Expotrade. O espaço preparado comportou muito bem o show, as cerca de 12 mil pessoas que lá estavam e tudo fora muito bem organizado (ao menos do ponto de vista de uma humilde fã, que apenas foi à Expotrade para ver a banda tocar e não teve acesso aos bastidores da organização do evento). Contudo, não posso negar saudades imensas dos shows no grande palco aberto de Curitiba: a Pedreira Paulo Leminski.


A Pedreira nasceu em 1990, durante o governo Jaime Lerner. Seu nome, obviamente, é uma homenagem ao escritor curitibano Paulo Leminski combinada com uma referência à antiga serventia do local, que abrigava a Pedreira Municipal e uma usina de asfalto. Com capacidade de 30 mil pessoas, 103,5 m2 de área e seu paredão rochoso de 30m de altura, a Pedreira Paulo Leminski já foi palco de shows de diversos artistas de renome como Paul McCartney, David Bowie, Milton Nascimento, Roberto Carlos, Iron Maiden, Pearl Jam, Ramones, Björk, Arctic Monkeys e The Killers.


Em 2008, a Pedreira foi interditada por uma liminar que o Ministério Público do Paraná concedeu a 134 moradores do Abranches (bairro onde se localiza a Pedreira), que se declaravam descontentes com os transtornos que a realização de shows no local causava. Com seu fechamento, Curitiba – que, na época, se encontrava na terceira posição de destinos de shows internacionais no Brasil, perdendo apenas para Rio de Janeiro e São Paulo – passou a ser preterida e os amantes da boa música tiveram lamentavelmente de ver muitos de seus artistas favoritos darem preferência às outras capitais sulistas (Florianópolis e Porto Alegre).


Uma democracia que privilegia 134 pessoas e passa por cima do direito de outras milhares que habitam a cidade de usufruir de um patrimônio público está, claramente, com algum problema. Não se trata de não haver um lugar apropriado para a realização de grandes shows em Curitiba (apesar de ser necessário apontar que a Expotrade está, afinal, localizada no município de Pinhais), pois não há como negar que tal espaço existe, sim. Trata-se de assassinar uma tradição de quase 20 anos por birra de algumas pessoas, afetando, assim, a cena cultural de uma cidade inteira.

Agora a boa nova: o vereador Jonny Stica, com o apoio de empresários do mundo artístico e comerciantes, mobilizou-se para reverter essa situação. Seu manifesto pode ser encontrado no site www.apedreiraenossa.com.br. Lá também é possível assinar o abaixo-assinado que Stica pretende apresentar ao Poder Judiciário a fim de revogar a liminar que fechou a Pedreira. Agora é conosco. Se unirmos forças, quem sabe não conseguimos reaver nosso palco preferido?

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TRINTA E OITO RAZÕES


A chuva já o ensopava, começou com uma garoa e agora a água escorre por dentro de seu rego, causando um grande desconforto. Mantém-se firme, sentado no meio-fio a bem uma hora, seu alvo é óbvio, a casa de alvenaria a sua frente. Casa de gente branca e gorda, daquela aparente felicidade, que até irrita.

As luzes das janelas da fachada estão acesas, conhece muito bem, à sua esquerda, a sala, um sofá, uma tevê com defeito em um hack, uma mesa de jantar e uma velha cristaleira que contrasta com os outros móveis, à direita, o quarto, uma cama de casal, um guarda roupa e uma tevê nova, comprada à prestação.

Bem se vê que as duas tevês estão ligadas e de certo que o moleque Alessandro está fazendo alguma manha e logo irá dormir. Sua mãe vai ajeitá-lo na cama, vai desligar a luz do quarto e baixar o volume da tevê. Depois vai abrir a porta e se inclinando sem sair do quarto vai dizer com um sorriso no rosto ?to indo dormir, vocês fiquem a vontade, mas olha lá hein?. Ele embaraçado faria uma piada, ela riria muito e iria finalmente se deitar e a noite estava livre para os dois, no sofá.

N Ã O! Ele não está no sofá, ele está no meio fio, ensopado, e olha a casa atentamente, talvez outro em seu lugar, ao lado dela, tocando sua pele macia e branca. Estremece, pega sua velha mochila, abre e confere o trinta e oito enrolado numa sacola de mercado, um cuidado para não molhar. Colocou bala por bala, seis balas, ainda agora, de tarde. ?Que horas são??. Pega o celular, não funciona, encharcado.

Olha de novo, um segundo e a luz do lado direito já apagada. Fecha a mochila, se levanta agitado, dá dois passos, pára, a outra luz se apaga. Alívio, ela foi dormir.

Avança rápido, cuida para que ninguém o veja, chega à beira da grade, estica-se para a casa vizinha, volta. Encoberto pelos arbustos que vez ou outra ele próprio podava junto à menina, pula o portão. Atravessa o quintal de ponta a outra, trepa no muro, tenta alcançar algo, volta. Traz com cuidado algo na mão esquerda, de canhoto, tenta proteger mas a chuva é forte, pensa que de um jeito ou de outro terá seu efeito.


Já é hora e está decidido, avança, passa pela lateral da casa, vai até a janela da menina, uma tênue luz azul indica que o abajur está aceso. Encosta-se na parede, o beiral dá uma trégua à chuva, aproveita para respirar um pouco. É agora ou nunca…


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Às três horas da manhã, do dia 25 de Fevereiro de 2007, deu entrada no Vigésimo Segundo DP de Curitiba, Cláudio Osnir da Silva, 18 anos, por assalto a mão armada. Jornais popularescos noticiaram sem muito destaque a tentativa de assalto à casa de um rico empresário, cujo nome não foi revelado. Nada disseram da vida de Cláudio nem o que pretendia fazer com o dinheiro. Na matéria uma foto dele, a cabeça coberta com a camiseta e um policial fazendo pose com uma metralhadora, no texto a série diária de adjetivos, sempre condenando sumariamente.
Lançada outra edição quem se lembraria do garoto? Assim, perdido entre tantos outros iguais…


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Às nove da manhã Mariana não demorou a reconhecer de quem era o presente em sua janela. A flor podia ser roubada e estar judiada da chuva, mas foi a mais singela surpresa que teve em seus dezesseis anos de vida e quem sabe se não, pela vida toda. O certo é que ela não esqueceria.

Rodrigo Choinski 13/09/2007 às 15:30h

pub. dia 29/03/2009 por Rodrigo Choinski - alternativistas-1@yahoo.com.br

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