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sexta-feira, 10 de maio de 2013

AMANHÃ (SÁBADO) TEM ROCK NO CAÇADORES DE RELÍQUIAS CURITYBA



Galera, momento mkt pessoal 1,99 de volta:

Amanhã os MOnges da Lapa (banda que tem eu, Leandro H, e Franco Fuchs aqui do JTG) toca no depósito/loja Caçadores de Relíquias Curityba, um dos patrocinadores do blog Fato Agenda.

Tá todo mundo convidado a curtir neste sábado (11 DE MAIO) o som que a banda Monges da Lapa + o músico Zé Carlos vão fazer lá na loja (depósito) deles a partir das 15 horas. Quem não conheçe a loja, agora tem mais um incentivo pra ir lá se reencontrar com o passado, bater uns papos, tomar umas cervejas e fazer novos amigos.

Os convidados a tocar (Monges da Lapa) são uma rapazida de curitiba que surgiu num churrasco de lamentação da morte do Raul Seixas, em 2003, que depois virou uma banda de pagode imaginário paulista (Bico Doce), mas nunca conseguiu cifrar os primeiros sambas feitos no churrasco. E então virou uma banda de rock de nylon mesmo, com pitadas de ladainha cigana, samba punk, canto africano e ajuda espiritual do coral de senhorinhas da catedral e meninos castrati... Neste sábado, os monges contarão com o guitar hero, cantor e multinstumentista Zé Carlos, sujeito que sabe tudo de música!

O lance tá marcado para sábado (dia 11) a partir das 15h no Caçadores de Relíquias Curityba, que fica na Rua José Lopacinski, 753, Jd Gabineto, pros lados na Universidade Positivo e mais precisamente na frente do Supermercado Michel. É fácil achar o lugar, tem uma carroça bem na frente!

Todos estão convidados! Venham e tragam seus amigos! Todos estão convidados! Venham e tragam seus amigos! E, se alguém quiser ajudar a divulgar no face... :) tá aqui.

Valeuuu!


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terça-feira, 9 de abril de 2013

SEBO ACERVO ALMON APRESENTA: MONGES DA LAPA


Sebo Acervo Almon lança o Projeto Ensaio Aberto e a primeira banda a ser convidada são os "Monges da Lapa", e, neste ensaio aberto de sábado dia 13, quem quiser tocar com a banda é só levar um instrumento.

O ENSAIO ABERTO acontecerá UMA vez por mês em um sábado. No dia acontecerá outros eventos como Bazar, Promoções Especiais ou qualquer outra atividade. O Ensaio será a partir das 14h.

Os primeiros convidados (Monges da Lapa) são uma rapazida de curitiba que surgiu num churrasco de lamentação da morte do Raul Seixas, em 2003, que depois virou uma banda de pagode imaginário paulista (Bico Doce), mas nunca conseguiu cifrar os primeiros sambas feitos no churrasco. E então virou uma banda de rock de nylon mesmo, com pitadas de ladainha cigana, samba punk, canto africano e ajuda espiritual do coral de senhorinhas da catedral e meninos castrati...

O Ensaio Aberto do Monges da Lapa está marcado para sábado (dia 13) a partir das 14h no Sebo Acervo Almon, na Rua Saldanha Marinho, 459, centro de Curitiba/PR. E a entrada é gratuita (claro!).

Todos estão convidados! Confira todas as informações e a moçada bonita que já confirmou presença, aqui na página do evento.

e se vc tem uma banda, o PROJETO ENSAIO ABERTO está com inscrições abertas! Envie o NOME DA BANDA/CANTOR e o ESTILO DE MÚSICA para o e-mail: contato@acervoalmon.com.br  -  lembrando que é necessário trazer os equipamentos/instrumentos (e se pah, os amigos).

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sexta-feira, 18 de maio de 2012

VOLTA, PEDREIRA!




pub. dia 14/05/2009 por Thalita Uba - uba_thali@yahoo.com.br


Ok, o show do Oasis foi legal, o set list foi seguido à risca, os banheiros estavam limpinhos e todo mundo conseguiu ver o show com razoável conforto. Não dá, realmente, pra reclamar da Expotrade. O espaço preparado comportou muito bem o show, as cerca de 12 mil pessoas que lá estavam e tudo fora muito bem organizado (ao menos do ponto de vista de uma humilde fã, que apenas foi à Expotrade para ver a banda tocar e não teve acesso aos bastidores da organização do evento). Contudo, não posso negar saudades imensas dos shows no grande palco aberto de Curitiba: a Pedreira Paulo Leminski.


A Pedreira nasceu em 1990, durante o governo Jaime Lerner. Seu nome, obviamente, é uma homenagem ao escritor curitibano Paulo Leminski combinada com uma referência à antiga serventia do local, que abrigava a Pedreira Municipal e uma usina de asfalto. Com capacidade de 30 mil pessoas, 103,5 m2 de área e seu paredão rochoso de 30m de altura, a Pedreira Paulo Leminski já foi palco de shows de diversos artistas de renome como Paul McCartney, David Bowie, Milton Nascimento, Roberto Carlos, Iron Maiden, Pearl Jam, Ramones, Björk, Arctic Monkeys e The Killers.


Em 2008, a Pedreira foi interditada por uma liminar que o Ministério Público do Paraná concedeu a 134 moradores do Abranches (bairro onde se localiza a Pedreira), que se declaravam descontentes com os transtornos que a realização de shows no local causava. Com seu fechamento, Curitiba – que, na época, se encontrava na terceira posição de destinos de shows internacionais no Brasil, perdendo apenas para Rio de Janeiro e São Paulo – passou a ser preterida e os amantes da boa música tiveram lamentavelmente de ver muitos de seus artistas favoritos darem preferência às outras capitais sulistas (Florianópolis e Porto Alegre).


Uma democracia que privilegia 134 pessoas e passa por cima do direito de outras milhares que habitam a cidade de usufruir de um patrimônio público está, claramente, com algum problema. Não se trata de não haver um lugar apropriado para a realização de grandes shows em Curitiba (apesar de ser necessário apontar que a Expotrade está, afinal, localizada no município de Pinhais), pois não há como negar que tal espaço existe, sim. Trata-se de assassinar uma tradição de quase 20 anos por birra de algumas pessoas, afetando, assim, a cena cultural de uma cidade inteira.

Agora a boa nova: o vereador Jonny Stica, com o apoio de empresários do mundo artístico e comerciantes, mobilizou-se para reverter essa situação. Seu manifesto pode ser encontrado no site www.apedreiraenossa.com.br. Lá também é possível assinar o abaixo-assinado que Stica pretende apresentar ao Poder Judiciário a fim de revogar a liminar que fechou a Pedreira. Agora é conosco. Se unirmos forças, quem sabe não conseguimos reaver nosso palco preferido?

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sábado, 5 de maio de 2012

DOMINGO: APRESENTAÇÃO IMPERDÍVEL DA BANDA BIKODOCE

Se você não gosta tanto assim de futebol ou simplesmente não tá a fim de ficar em casa pra ver o empate do atletiba na TV, venha prestigiar a apresentação da banda BikoDoce neste domingo (dia 6 de maio) às 16:30h no Bar da Way (no largo da Ordem).

A BANDA BIKODOCE

A gente (evoluiu do Jornal TiraGosto) e toca músicas próprias no estilo samba punk, rock rock e ladainha cigana.

O LUGAR

O Bar da Way é legal e não cobra entrada, nem couvert. Na verdade, o bar tem outro nome, mas está + conhecido como Bar da Way. O lugar foi construído sobre as ruínas de um pequeno shopping ao lado da Igreja e o palco está bem embaixo do lugar que o Padre dorme.

Pra você que não se localizou ainda, estou falando daquela Igreja perto da fonte de água na frente do cursinho Dynamico.

O lugar é meio aberto, mas fique tranqüilo que domingo não vai chover. A previsão é sol.

DE NOVO A BANDA

Como a gente não botou música na rede ainda, coloquei umas frases que ouvi sobre a banda BiKodoce:

"pode trazer" - disse o dono do Bar sem ouvir o som

"melhor banda do São Braz.... nesse estilo é a melhor, sem dúvida" - Pastor Elias, meu vizinho

"vc´s perderam a vergonha" minha mãe

"são meninos de ouro" um gaiato visionário

"quem quiser aprender a enrola, vem comigo bebe e fuma" - hino do biko

O lugar é bem fácil de achar. O dia é propício. Então não fique domingão vendo o empate no atletiba, e venha curtir "Folia de et´s", "Bruxo do paraguai", 'Blues do cavalo capado", "Tibiquera" ,"Gavião Penacho (satisfaction)", "Pit bull cansei de Monte Cristo", "Quem não beijou, vai beijar" entre outras.

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sexta-feira, 18 de novembro de 2011

LOS HERMANOS ABRE PRO RADIOHEAD


pub. dia 17/01/2009 por
Vanda Moraesvandymoraes@yahoo.com.br

Marcelo Camelo entoa emocionado e um tanto sem jeito, os primeiros versos de “Dois barcos”, e é acompanhado pela platéia, já dita inúmeras vezes como fanática. O show vai seguindo sucesso após sucesso da gloriosa carreira do Los Hermanos. Os fãs, por sua vez, cantam cada verso como se fosso pela última vez.

Em agosto de 2008 foi lançada uma coletânea com CD e DVD do último show. O DVD “Los Hermanos na Fundição Progresso” inclui 31 dos maiores sucessos da banda tirados dos quatros álbuns. Neste show todas as músicas são cantadas numa proximidade emocionada da platéia com os coros uníssonos, já característicos das apresentações da banda e raros nos shows de rock nacionais na atualidade.


Agora, depois de cinco meses os fanáticos pelo som dos “Barbudos” recebem uma pitada de esperança: o Los Hermanos confirmou que fará a abertura do show da banda inglesa Radiohead. Assim como a apresentação na Fundição Progresso, isto não representa uma volta oficial da banda, mas sem dúvida será um momento especial para a legião de fãs.

Já foi dito que a banda Los Hermanos é a confirmação de que existe “vida inteligente no Brasil” nesta geração pós-meados da década de 1990. A banda lançou apenas quatro álbuns em toda sua carreira, mas deixou milhares de fãs órfãos quando decidiu parar por tempo indeterminado.

A relação do publico com a banda era de verdadeira devoção com shows lotados e platéias histéricas em todo o território nacional. A sabedoria popular afirma que a saudade fica maior com a distância e a certeza de uma perda. Apesar de se apresentarem na abertura do show da banda inglesa, o Los Hermanos estão recebendo tratamento de banda principal pelo público que deve comparecer em peso.

Esta apresentação tem tudo para ser histórica. Isso porque pode ser especial por ser o último show do grupo ou pode marcar a reunião definitiva da banda. Os interessados em conferir pessoalmente o espetáculo ainda encontram ingressos no valor de R$ 200,00, pelo site ingresso.com. Os shows acontecem nos dias 20 (Rio de Janeiro) e 21 (São Paulo) de março.

Serviço:
Rio de Janeiro
Dia 20 de março de 2009
Praça da Apoteose - Av. Marques de Sapucaí s/n - Centro
Ingressos: R$ 200
Vendas a partir de 5 de dezembro pela internet ou na bilheteria um do Maracanãzinho (Prof. Eurico Rabelo - próximo a estátua do Bellini)
Informações: (21) 30 35 76 21


São Paulo
Dia 21 de março de 2009
Chácara do Jóquei - Avenida Francisco Morato, 5100 - Ferreira
Ingressos: R$ 200
Vendas a partir de 5 de dezembro pela internet ou nas bilheterias do Estádio do Pacaembu (Rua Prof. Passalaqua, s/n - ao lado do portão 24).

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terça-feira, 8 de novembro de 2011

ABAIXO-ASSINADO PELA ORQUESTRA

pub. dia 05/11/2008 por Wellington Bujokaswbujokas@gmail.com

A música erudita no Brasil sofre, freqüentemente, com sérios problemas institucionais. Ainda que possua um número bastante razoável de orquestra, por exemplo, boa parte delas vive não apenas uma penúria financeira, como, e principalmente, uma falta de rumo preocupante. Na maior parte dos casos, não vão além de cópias mal resolvidas do modelo de orquestra européia, cuja importância reside em reproduzir, a medida do possível, um repertório padrão, europeu, de perfil conservador não apenas em sentido estético, já que nem mesmo a produção atual que se apega mais fortemente à tradição tem espaço garantido na programação.

Ou seja, são museus do cânone, do sacralizado, mas com a deficiência um tanto assustadora, mas óbvia, de não poder competir com a qualidade das inúmeras gravações disponíveis no mercado justamente pela falta de foco neste projeto de se fazer um museu musical, associada a um orçamento baixo, freqüentemente instável e dependente de conjunturas políticas.

Ainda assim e apesar dos baixos orçamentos, as orquestras significam um gasto razoável, pelo número de músicos contratados, além dos funcionários da parte administrativa, técnica etc. e cumprem tanto uma função social — pois permite que as pessoas interessadas não se tranquem em suas casas para apreciarem música, mas saiam e interajam em sociedade — quando cultural, artística, humanística, ao disponibilizar arte à população.

As opções que se abrem são duas:

1. acabar de vez com esses órgãos sem direção a servir arte meia-boca, que, provavelmente, não mereçam sobreviver desta forma burocratizada, e mal burocratizada, já que as orquestras acabam tendo programações não apenas de baixa qualidade ou mal interpretadas, como também quantitativamente restritas, pela falta de dinheiro para uma programação constante;

2. fazê-las funcionais e eficientes.

A primeira opção é muito mais prática e com resultados claros: deixa-se de gastar dinheiro com políticas culturais de baixa qualidade; mas é também a mais cômoda e imediatista e significa, no fim das contas, só remanejar dinheiro de uma área ineficiente para outra — a menos que haja uma pressão em outras áreas por gastos mais bem planejados —, restringindo ainda as opções dos interessados por música e criando um vício em que a melhor forma de resolver um problema seria simplesmente apagar a estrutura que o causa, em vez de corrigi-la. A outra é bem mais trabalhosa e muito menos óbvia. Acima de tudo, exige uma participação ativa e constante da população (seja indo aos concertos, seja participando de discussões de como adequá-las ao interesse da sociedade) e um certo equilíbrio entre conservadorismo e inovação, para que concertos tragam e incentivem novidades (ou seja, novas obras, novas abordagens e formas de relacionamento com o público, para evitar a burocratização) ao mesmo tempo que sustentem o interesse pela tradição, preservando o que há de interessante na história da arte e evitando a espetacularização oca que, não raro, é efeito colateral da busca pela originalidade.

Com esse contexto em mente é que gostaria de pedir que assinassem o seguinte abaixo-assinado:

Ele se refere à Orquestra Sinfônica do Paraná, que se encaixa razoavelmente bem na descrição dada acima.

É uma boa orquestra, contudo, e poderia fazer muito mais se tivesse uma estrutura mais adequada e, claro, uma pressão razoável do público. A demanda básica é por duas melhorias:
1. uma temporada anual fechada com antecedência, ao contrário do que acontece hoje, em que chegamos a ter concertos que são anunciados com uma ou duas semanas de antecedência. O motivo principal é tanto permitir que as pessoas possam se programar melhora para assistir aos concertos que as interessam, como evitar que diversos concertos programados, mas não divulgados, sejam cancelados ou completamente alterados por falta de verba (ou seja, por falta de um planejamento adequado).

2. uma gestão eficiente, que otimize gastos e facilite os patrocínios privados, para realizar concertos, equipar a orquestra e o teatro decentemente (veja-se, por exemplo, que o Teatro Guairá não tem concha acústica e isso seria básico para que o público pudesse ouvir decentemente a orquestra) e permitir convidar solistas interessantes (que, em geral, não tocam com a orquestra porque o cachê é muito baixo), bem como pagar os direitos autorais e comprar/alugar o material para tocar peças contemporâneas brasileiras e estrangeiras (acredite ou não, este é um dos motivos mais importantes para elas não serem tocadas)


Enfim, há ainda uma série de reivindicações que precisam ser feitas, como gravações de cds e apresentações semanas na rádio e na tv públicas (visto que o dinheiro para bancar a orquestra vem dos contribuintes de todo o Estado, mas a orquestra não consegue se apresentar mais do que uma ou duas vezes ao ano à população do interior, é importante que eles tenham produtos palpáveis pelo que pagam), um número maior de apresentações de um programa (chega a ser meio absurdo que a orquestra só se apresente num horário nem sempre muito prático de domingo de manhã enquanto sextas e sábados ficam vazios) e, principalmente, uma concepção artística mais lúcida. São, contudo, reivindicações que esperamos serem mais fáceis de atingir uma vez alcançadas as duas demandas básicas.
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UMA VIAGEM POR BA BA BA BA BABY

pub. dia 03/11/2008 por Ayrton Baptista Junior

Quando Baba se apresentou aos meus ouvidos, logo troquei de estação e fui à cata de outra música que me caísse melhor.

Mas se fugi do refrão “Baba, Baby”, a batida da música, que eu sequer ouvira inteira, grudou na memória. E tanto ficou que, ao chegar em casa à noite, imediatamente a procurei no rádio. E foi assim um dia, outro dia, mais um dia. Já estava quase a pedindo no ar. Não tencionava “analisá-la”. Queria apenas ouvir a música pelo mesmo motivo que ouço outras melodias: simplesmente para ouvir música.

Nas primeiras destas audições, creditava o meu interesse por Kelly Key à uma história pouco comum nas letras da MPB: a da mulher que festeja esnobar o homem pelo qual se apaixonara tempos atrás. Na música brasileira, é difícil para uma mulher dispensar o homem pelo qual sofreu.

Em Olhos nos Olhos, de Chico Buarque, por exemplo, a mulher afirma: “Quantos homens me amaram bem mais e melhor que você”, mas, logo adiante, nega a certeza de que não querer mais vê-lo: “A casa é sempre sua, venha sim”.

Não se trata, claro, de comparar Andinho, o letrista de Baba, com um dos maiores compositores brasileiros — e tampouco de afirmar a letra de Baba como avalista de alguma poesia. Apenas constato que as mulheres se comportavam diferente
em outras letras. Mas, ainda sobre Andinho, é bom atentar para o moço que coloca em Anjo, outra da moça, duas frases magníficas
“É de pedra a porta do seu coração”
e
“Te venerar é minha sina”.

Era, porém, a batida primitiva da música, e não a letra, que me conquistava. Assim como em Cabeça, de Walter Franco, e em alguns trabalhos de Arrigo Barnabé parecia não haver música em Baba. O som que parece o de uma caixa de madeira, numa primeira escuta, soa tão limitado que parece não ter nada ali. Mas tem. Baba é o buraco da agulha pelo qual passa um camelo.

Certa noite, uma ouvinte pediu Kelly Key e eu gravei Baba para ouvir a rodo. Uma, duas, dez vezes seguidas. Aos poucos, comecei a escutar a música por partes. A garota é uma ótima intérprete. Em Baba, a mesma história é contada três vezes. Na primeira, a voz é mais agressiva e na segunda, mais afirmativa. Na terceira, Kelly Key leva a música adiante como se comandasse uma bateria de escola de samba no instante em que há a “paradinha”. Neste ponto, Baba revela ser filha dileta do samba do breque. Esta linhagem, o falar carioca do samba, não é a única ascendência de Baba, que também alia rock industrial, marcha e modinha.

Baba
me retornou à memória formas geométricas (quadrados, retângulos) de pinturas em branco-e-preto que esnobei — e continuo a esnobar. Kelly Key também me fez compreender melhor, intuitivamente, um “olhar” matemático-formal sobre arte — experiência semelhante tive no cinema com O Ano Passado em Marienbad, de Alain Resnais. Não acabou: lembrei do vermelho nas pinturas de Arcangelo Ianelli e dos feixes brancos sobre fundos escuros dos filmes de Man Ray —aqui, um fascínio pré-Kelly Key.

Imaginei o refrão
BA
BA
BA
BA
BABY
Ou
BABA
BABA
BA
BABY
escrito e achei uma insólita citação ao jogo de palavras que mais se vale da geometria e que mais atrai os matemáticos: a poesia concreta (da qual, aviso, não sou fã).

Defendo as citações (claro que não pensadas) do canto de Kelly Key (ou seja, obra dela) à modinha em “istoépravocêaprenderanuncamaismeesnobar”
(lalalalalalalalalalalalalalalalalalalalaalalalala),

e ao samba de breque em
“que só quer me iludir/me enganar/isso é caô”
(não bisada em seqüência)
“que só quer me iludir/me enganar/isso é caô”.
Friso também as duas alusões ao samba de enredo, quando tem início a terceira narração da história:
“ôô”
(paradinha, quando se ouve um suposto estalar de prato de bateria);
“ ‘ce não acreditou/
você sequer notou/
disse que eu era mui-to-nova-pra-você”
(seguido de dois toques que lembram o bumbo reiniciando a marcha).

O que a aproxima da música atonal é a sua batida, aparentemente despida de melodia (para percebê-la, tente driblar a voz da cantora).

O retângulo vem por
“BABA/BABA”
e o quadrado, da base rítmica, cujo acorde sempre se fecha, não restando nada “em aberto”.

Por vezes, achei que tornara muito cerebral o que poderia não ser mais do que um brinquedo de adolescentes. O mais curioso, porém, é o fato de Kelly Key não me ter empurrado para a música pop, mas para a música clássica. Depois de ouvir Baba várias vezes, tive o desejo, o impulso (sei lá o porquê) de ouvir Wagner, Mozart e Mahler e outros compositores que sequer estavam entre os meus preferidos. Coloquei a abertura de Tannhäuser para escutar. Ouvi várias vezes e me atirei em outros clássicos com uma volúpia que há muito não tinha para o gênero — alguns CDs já adormeciam numa velha caixa de sapatos.

Óbvio que a intenção de Andinho, DJ Cuca e de Kelly Key (os criadores) não foi a de fazer uma música com tantas possibilidades. Pois, fizeram! Baba é um caso em que o sistema aparece à frente da margem.

Uma canção que costura aspectos do que se chamou de vanguarda no século passado (música atonal) com a música carioca — seja a de “raiz” ou a nova música urbana — não apenas deve ser catalogada como Música
Popular Brasileira como também é capaz de alimentar aos que buscam, desesperadamente, renová-la. A melodia do trecho corrido “Isto-é-pra-você-aprender-a-nunca-mais-me-esnobar”, por exemplo, evoca Ernesto Nazareth e Chiquinha Gonzaga.

Alguém ainda irá discorrer sobre as propriedades geométricas desta “singela” canção adolescente. Só lamento que Baba não tenha tocado no rádio nos anos 80, época em que reprovei duas vezes. Ambas em geometria.
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