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segunda-feira, 24 de outubro de 2011

TRÊS DIAS DE UMA FOGUEIRA SÓ


pub. dia 28/08/2008 por Leandro Hammerschmidt 
fotografias:
Raquel Santana 

Curitiba sediou o 3º Fórum Humanista durante os dias 22,23 e 24 de agosto de 2008. Pouca gente participou e pouca gente ficou sabendo. Também não participo do Movimento Humanista e pra mim ainda é novidade. Por isso gostaria de registrar minhas impressões sobre o encontro:

Em poucas palavras, o novo humanismo luta contra tudo que causa sofrimento. E foi seguindo esta linha de pensamento que o pessoal do Fórum se propôs a discutir e apresentar “formas de superar o sofrimento humano”.  

A concentração para a abertura do Fórum foi marcada na Boca Maldita na sexta-feira (22). Com todo respeito aos tocadores, a batucada tava meia boca (não faria melhor), dois megafones e a coisa começou a virar zona, tanto que a polícia veio e dispersou o grupo por não ter licença pra estar ali.  Em frente ao edifício Tijucas larguei a marcha que ia rumo à reitoria pra ver uma noiva fazendo rapel.  A cena juntou bom público na rua XV e depois da descida da noiva veio o “Dom Quixote” para encenar uma versão da peça do Cervantes. Esperei tudo para acompanhar o encontro e a caminhada de João Quixote e Sancho Pança – o cavalo era um carrinho de catar papel. O texto dava espaço pra improvisações, uma situação tão engraçada que dei risada o espetáculo inteiro.
 
No desfecho João Quixote das Manchas brigou, apanhou e foi preso pela polícia. Depois disso Sancho Pança (representado por uma mulher engraçada) deu a maior lição de moral na gente, falou de um de um modo que me sentir culpa por nada ter feito pra ajudá-los – pois nem na qualidade de personagem fui capaz de levantar João Quixote antes que o carro da polícia chegasse. Mas vai saber quando a gente deve se meter? Estranho que aquele sentimento de culpa (por ser indiferente àquilo que acontece na minha cara) veio me rondar durante alguns momentos do Fórum Humanista.

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?o quê é o humanismo?



Segundo Valter Peireira a “teoria Humanista é do início do século 14 quando o italiano Francesco Petrarca (1304-1374) colocou o homem como centro de toda ação e como agente principal no processo de mudanças sociais”. O Humanismo se chocou com a Igreja, mas nunca renegou o catolicismo – o próprio Petrarca era religioso. Ainda segundo PEREIRA “Petrarca, como fundador do Humanismo, é figura central no processo de revolução do pensamento europeu que culminou com o movimento conhecido como Iluminismo.”

Hoje se fala em novo humanismo em reação ao fracasso da humanidade no século 19. Este novo humanismo segundo Noel Nascimento está representado principalmente “pela sagrada preocupação com a dignidade do homem e sua liberdade”. 

Minha opinião:
Tenho minhas ressalvas em relação ao Movimento, aliás a qualquer movimento, prefiro manter um posicionamento crítico. Os humanistas me explicaram que existe vários tipos de violência: psicológica, física, social, racial, sexual, moral e econômica.

Por exemplo, entendo a violência como um instinto do homem. Assim entendo também a racionalidade, no entanto, é mais fácil exaltar a racionalidade do que a violência. Entretanto, confesso saber muito pouco sobre o Movimento Humanista, em poucas palavras sei que ele atua na valorização do homem e na luta contra tudo que lhe causa sofrimento.

pub. dia 28 /08/2008 por Leandro H - fotografia: Raquel Santana

economia solidária, economia humanista



Na palestra sobre Economia Humanista as coisas começaram a clarear. Priscila Lhacer, especialista em Economia Humanista, falou da necessidade urgente de mudarmos o atual modelo econômico. Falou também da opressão que o homem sofre e de muitas teorias econômicas que ignoram que “o ser humano é plástico e mutável”, e se reduzem a frieza dos cálculos.

Segundo ela a teoria neoclássica não dá conta de encontrar soluções para a fome, má distribuição de renda, ameaça ao meio ambiente e a sustentabilidade. Nesse ambiente é que se desenvolve a economia solidária e humanista. Que valoriza as trocas de produtos e serviços, as cooperativas, o lado social e não somente o lucro a qualquer custo.  

A pergunta da palestra era “o ser humano pode ser o valor central da economia?” A resposta foi SIM. Mas como? Através de uma mudança socioeconômica 1) na produção, comercialização e consumo  2) através do crédito, ou melhor, micro-crédito a pequenas empresas ou pessoas  3) na formação de economistas e pessoas que sigam a idéia da economia solidária 4) no marco legal, ou seja, no que diz respeito às leis. Dizem que a partir da segunda guerra o mundo foi planejado para ser o que é. Não sei se concordo que as coisas funcionam assim planejadas. Mesmo porque o homem muda sempre, por que o modelo não mudaria? Na visão humanista a sociedade de consumo não deu certo.

A ilusão de felicidade das compras dura pouco tempo.  Os produtos não são feitos pra durar e a pessoa precisa sempre estar comprando, trabalhando, trocando tempo. Recursos preciosos são desperdiçados para se produzir coisas desnecessárias - a não ser pela própria necessidade de satisfazer uma vontade criada pela “fetichização” da mercadoria, em termos marxistas.  E se não me engano fetichizar é colocar algo além do humano.

fotografia:
Raquel Santana

CONTRIBUIÇÕES DO 3º FÓRUM HUMANISTA


O pessoal apresentou os resultados destes três dias de Fórum. Destaque para o “aquecedor de água revolucionário” (uma caixa d água feita com espelhos e pano preto que vai aquecer a água) que os alunos da mesa “universidade pra que?” pretendem produzir.

A maioria das mesas vai publicar na internet e optou por formar redes de discussão. A mesa de saúde lembrou que o Sistema Único de Saúde é excelente, mas que precisa funcionar de fato. Muito engraçado a moça dizer que “quando se fale em saúde a gente pensa em hospitais, mas isto não é saúde; sim doença”.

A mesa de Cultura vai organizar uma Feira da Diversidade para março de 2009, onde vai haver troca de produtos e serviços. Linda a leitura que o contador de histórias Carlos Daitschman fez de “o Mundo” do “o livro dos abraços” de Eduardo Galeano. Onde ele falava que cada pessoa é uma fogueira. Emocionante como o choro da palestrante, como a alegria da Andrea, como a esperança daquelas pessoas!!
 
Valeu pessoas do Fórum Humanista!
Como é que vocês dizem mesmo? “Paz, força e alegria”.

pub. dia 28/08/2008 por Leandro Hammerschmidt
fotografia: Raquel Santana