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quinta-feira, 17 de maio de 2012

WATCHMEN - VIGILANTES VIGIADOS

Gladson Marques e Joba Tridente (dois viciados em quadrinhos) se encontraram na pré-estréia do filme Wathcmen. Ontem publicamos a resenha do primeiro e agora você pode ler a do Joba

pub. dia 06/03/2009 por
Joba Tridente - jobatridente@hotmail.com

Os anos 1986/87 foram um marco no mundo dos quadrinhos com o lançamento da estranha e antológica minissérie Watchmen, de Alan Moore e Dave Gibson, em 12 alucinantes capítulos, envolvendo um grupo de “heróis” num mundo (ainda) em convulsão política e social. Agindo isoladamente ou em parcerias, os Vigilantes Mascarados são sonhadores, egocêntricos, arrogantes, prepotentes e crédulos de que a paz na cidade de Nova York e no mundo depende da ação deles. Mas, se fantasiados procuram passar a imagem de verdadeiros paladinos, em defesa dos fracos e oprimidos (e também a serviço dos governantes e poderosos), sem a máscara (foras da lei ou não) são pessoas tristes, homens e mulheres com todas as suas idiossincrasias.

Duas décadas depois Watchmen chega ás telas de cinema e se vai causar o mesmo impacto é difícil de se prever, apesar da boa produção, e da mão pesada mas certeira de Zack Snyder, o mesmo diretor do espetacular 300, baseado na HQ 300 de Frank Miller. Também porque Alan Moore, com todos os seus subtextos políticos e paralelismo antropológico, é prolixo e exige um pouco mais (bem mais) de paciência com a sua obra do que Frank Miller.

Ao contrário da HQ V de Vingança, também de Alan Moore, que se passa na década de 1980 e foi atualizada pelos irmãos Wachowski para ganhar a telona em 2006, Watchmen continua em 1985, com toda a paranóia que tomou conta da década com a Guerra Fria, a iminência de conflito Nuclear e ainda os resquícios da Guerra do Vietnan. Uma década de medos e de alguma esperança na paz. Watchmen, com roteiro de David Hayter e Alex Tse (sem qualquer participação de Alan Moore), está um pouco mais palatável, mas não menos complexo e às vezes até ininteligível em algumas citações - como na estranha conversa/desabafo de Comediante com Moloch sobre a ilha onde estão os artistas, escritores e cientistas desaparecidos - que só faz sentido com o desfecho original da HQ.

É claro que quem espera encontrar a HQ, quadrinho a quadrinho, vai se decepcionar um pouco. A dramática história dos Vigilantes Mascarados está ali, com suas questões políticas, sociais, psicológicas ao extremo, retratando um grupo de pessoas, onde cada um é cada vez mais cada um, na sua megalomaníaca busca pela paz no mundo, acreditando que os seus atos (até mesmo os imperdoáveis) serão justificados no fim. Porém, em versão cinematográfica, onde situações (e personagens) que parecem não ter importância foram descartadas (jornaleiro e seus fregueses, leitor de gibis, história do gibi, investigadores, gangues) e outras reescritas, fazendo a violência, por exemplo, que é apenas insinuada na HQ, ganhar ares além do real (e da necessidade) na telona.

À primeira vista Watchmen encanta pela sua plasticidade e trilha sonora, mas a sensação final é de que para uma razoável reflexão sobre o que é ser humano o diretor lapidou demais os Vigilantes Mascarados. Para quem não conhece a HQ recomendo que a leia depois (ou antes) de ver o filme. Mas sem esquecer que Watchmen, a HQ, é uma coisa e Watchmen, o filme, é outra, apesar das semelhanças e diferenças.

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ALÉM DE ALAN MOORE



Em dia de pré-estréia de Watchmen, febre em todo país, foi possível ver a superação do autor pela obra

pub. dia 05/03/2009 por Gladson Fabian -
fabianjournalsociety@yahoo.com.br


Estréia nessa sexta-feira nos cinemas de todo mundo o filme que chega com a missão de ser o maior lançamento do ano e, com certeza, um dos melhores no gênero aventura-super-heróis da história do cinema. Watchmen traz consigo toda a aura que cerca a obra de Alan Moore, o mago inglês dos comics americanos, e sua máxi-série em doze partes que reescreveu a história das histórias em quadrinhos mundiais nos anos 80 do século XX.

Com uma temática que com certeza conquistará o público jovem e adulto, a história tem uma premissa simples: o que aconteceria se heróis uniformizados (entre esses um “superman”) existissem em nossa realidade. Com os mesmos problemas morais e políticos de nosso cotidiano, esses heróis passam por situações comuns entre nós mortais, desde lidar com a perda da fama até o assédio sexual (e no filme, agressão) de uma colega de equipe. O tema principal, a iminente guerra nuclear entre as duas superpotências mundiais do século XX, Estados Unidos e União Soviética, é a cola que une os pequenos dramas de todos os personagens e que culminará com um desfecho surpreendente.

Para aqueles que esperam total fidelidade a obra de Moore nos quadrinhos, é melhor avisar de antemão: a história em quadrinhos lida por um garoto ao lado da banca de jornais que aparece nos gibis não consta em sua versão cinematográfica, por motivos óbvios. Sem essa sub-história, o roteiro já se encontra acima do normal em termos de complexidade em sua narrativa, com os personagens indo e vindo entre seu passado e seu presente, com os olhos voltados para o futuro, que pode não existir. Zack Snyder, diretor da trama, foi muito convincente em criar um roteiro que poderá agradar os fãs de Alan Moore e aqueles que nada sabem sobre heróis da DC Comics ou sobre a importância dessa trama para todo o universo de heróis dos quadrinhos.

E se você precisa de doses de nicotina de duas em duas horas, é melhor se preparar para quase três horas de filme, que intercala seqüências cadenciadas e repletas de textos com cenas de ação dignas de John Woo ou grandes filmes de terror. Devo dizer que o diretor Snyder espanta pela fidelidade aos planos-sequência da história de Moore e aos closes e perspectivas desenhadas por Dave Gibbons na série original. Até mesmo as cenas de sexo entre dois personagens da história em quadrinhos são reproduzidas aqui da mesma maneira, retratando o respeito que Zack Snyder tem pelo trabalho de Moore.

Após duas horas e meia de filme, o diretor ainda consegue surpreender, inovando no único ponto em que Moore pecou em seu roteiro. Quem gosta de ver belas mulheres de colante enfrentando bandidos, rir ao ver como são ridículas roupas coloridas de heróis em adultos ou aprender como a lei deve tratar os criminosos na visão de Rorschach, vá a uma sala de cinema e assista a maior estréia do ano.

+ WATCHMEN

Silk Spectre, em duas belas versões

                             Eles também são fãs de Watchmen

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